A Eucaristia

José Newton de Almeida Baptista *

É na Consagração e na Comunhão que Cristo oferece os seus dons, sinal de sua doação em sacrifício ao Pai e em alimento a nós.

Estas formas de presença, acentuemos, não são metafóricas, são verdadeiras e reais; reais, não só porque Nosso Senhor age realmente com sua virtude e poder nas diversas situações acima indicadas, mas porque está presente, Ele, o Cristo glorioso à direita do Pai. Não como presença de uma pessoa querida, que já se foi para a eternidade, mas de quem está vivo e glorioso - Pessoa Divina que tem o poder de realizar tal multipresença na Igreja e nas obras de salvação. Presença, não local ou espacial, mas pessoal, em que o Salvador se une e se dá a nós. E, sendo sempre a mesma Pessoa Divina que está presente, a presença é única, isto é, a diversidade consiste apenas no modo e nos graus de intensidade.

O mais sublime desses modos, o maior, o mais precioso, é o da Presença Eucarística. Porque, na Eucaristia está presente não somente a Pessoa, mas o Cristo todo, com a divindade e a humanidade e, pois, com o Corpo e o Sangue. Por isso, a Presença Eucarística, além de real, é corporal e substancial.

Sem dúvida, Cristo está presente dando-se e comunicando-se na assembléia reunida em seu nome; presente pela Liturgia da Palavra, no coração dos ouvintes, presente no Ministro, marcado pelo caráter sacerdotal... Mas é na Consagração e na Comunhão que Ele oferece os seus dons, sinal de sua doação em sacrifício ao Pai e em alimento a nós. A presença eucarística não se opõe aos outros modos de presença de Cristo na Igreja, antes, reforça-os e os coroa maravilhosa e divinamente.

O que torna possível a presença simultânea de Cristo sob as aparências de pão e de vinho em qualquer lugar da terra, onde o sacerdote profere as palavras da Consagração, é a natureza gloriosa do Corpo de Cristo. Lutero confessava: "suei para provar que na Eucaristia só estão o pão e o vinho; mas me senti vencido. Não encontro outra saída: o texto é por demais convincentes". O irmão Max Thurian, calvinista da Comunidade de Taizé, apresenta (em seu livro "A Eucaristia, Memorial do Senhor", 1967) a tese católica da presença real: "O Corpo e o Sangue de Cristo, sua humanidade toda, sua divindade, estão verdadeira, real e substancialmente presentes na Eucaristia".

Esta verdade está assente na Revelação e na Tradição. Diante da Eucaristia repetimos: "Deus é Amor" (1 Jo 2,8), é a própria onipotência, amou-nos "até o fim" (Jo 13,1), o quanto Lhe era possível amar-nos. Com a Missa, (Mesa Eucarística da Palavra, do Sacrifício e da Ceia) a presença divina penetra sempre mais no ambiente humano e no mundo material, e cada Consagração constitui um avanço em direção à grande meta final da felicidade beatífica.

* Dom José Newton de Almeida Baptista, 1ºArcebispo de Brasília.

Fonte: www.cen2010.org.br

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