Ano Sacerdotal

Esmeraldo Barreto de Farias

Homilia de Dom Esmeraldo Barreto de Farias

Irmãos Bispos, Religiosos, Cristãos leigos e leigas, você que nos acompanha através da rádio e da Televisão. E, neste ano sacerdotal, uma saudação especial aos irmãos Presbíteros aqui presentes e de todo o Brasil.

"O servo não é maior do que o seu senhor" (Jo 15,20).
Na continuidade da 48ª Assembleia Geral da CNBB e nos preparando para o Congresso Eucarístico Nacional, temos a alegria de participar desta celebração eucarística momento especial de encontro com Jesus Cristo o servo de Deus, enviado pelo Pai. Jesus entra no mundo, assume a nossa natureza, se aproxima de nós e manifesta o grande amor de Deus.

Esse processo de encarnação marca a vida de Jesus que, sendo rico, se fez pobre para nos enriquecer com sua pobreza (Cf. 2Cor 8,9) e, tornando-se obediente realiza a vontade do Pai amando os seus que estavam no mundo até o extremo: a entrega de sua vida. Desse modo, aquele que proclama: "O servo não é maior do que o seu senhor" (Jo 15,20), também afirma: "estou no meio de vós como aquele que serve" (Lc 22,27), ele realiza o que diz e o realiza como sinal da aliança nova em seu sangue; aliança não da letra, mas do Espírito que dá vida (Cf. 2Cor 3,6).

Esse mesmo Espírito de amor nos conduz a fim de que sejamos discípulos de Jesus Cristo pobre, crucificado e pão da vida eterna, o vivente. Assim, fortalecidos, somos chamados a ser sinais do Cristo servo em meio à cultura que incentiva e determina os padrões do subjetivismo exacerbado, do consumismo, onde tudo passa a ser decidido a partir daquilo que pode satisfazer o indivíduo. Esse combate é uma forte exigência do Evangelho.

Estar atentos a essa realidade, é muito importante para vivermos o caminho da fidelidade a Jesus Cristo, o servo missionário do Pai.

Guiados pelo Espírito Santo, Paulo e Timóteo assumem o seguimento a Jesus Cristo na missão de pregar o Evangelho formando comunidades missionárias. Eles estão convencidos de que, enraizados na vida de Jesus, encontram, no mistério de sua encarnação e de sua Páscoa, a fonte e a força para serem servos de Cristo, servindo o Povo de Deus, pois "Deus mesmo nos fez; nós somos seu povo e se rebanho, sua bondade perdura para sempre, seu amor é fiel eternamente" (Sl 100).

A iniciativa é sempre de Deus. Em Cristo, ele nos escolheu do meio do mundo para sermos dele sinais, servos que vivem na comunhão com Ele e, por isso, fiéis.
O testemunho missionário de Paulo e Timóteo fiéis a Jesus Cristo pela entrega de sua vida nos ajuda e, ao mesmo tempo, nos questiona no contexto do Ano Sacerdotal. Eles nos ajudam porque vivenciaram o ministério apostólico enraizados no Mistério da encarnação e da páscoa de Cristo e disso são testemunhas. Mas, também nos deixam um grande questionamento: O Mistério da Encarnação e da Páscoa de Cristo está sendo fonte e centro de irradiação do ministério ordenado, especialmente, do ministério presbiteral? Como cultivar o ministério como dom de Deus para que sejamos realmente servos missionários? O centro de minha vida e missão está sendo Jesus Cristo ou o meu eu? Como colaborar para que a formação dos futuros presbíteros seja de fato fundada o encontro com Jesus Cristo servo que, pela entrega de sua vida, dá sentido à nossa vida e missão que recebemos como dom precioso de Deus?

Como contribuir para que Presbíteros e seminaristas aprendam a sair de si mesmos para serem e viverem como discípulos missionários de Jesus Cristo servo? Paulo e Timóteo nos mostram um belo sinal da comunhão eclesial ao transmitirem as decisões que os apóstolos e anciãos de Jerusalém haviam tomado, recomendando que fossem observadas e fortalecendo as Igrejas na fé (Cf. At. 16,4).

Vemos como Jesus e depois Paulo trabalharam formando missionários. Eles nos apontam uma pedagogia missionária e ao mesmo tempo uma formação mistagógica, cujo centro está no mistério da Encarnação e da Páscoa de Jesus.

Nesta oportunidade da Assembleia da CNBB dentro do ano sacerdotal, renovamos nosso agradecimento a Deus pelos Presbíteros do Brasil e por aqueles que estão servindo no Brasil como missionários. Sabemos os muitos desafios e das muitas dificuldades que enfrentam na realidade das grandes cidades, do interior do nordeste, do centro-oeste, do leste, do sul, mas de modo particular, no interior da Amazônia: realidade de complexidade e perplexidade; de impotência diante das drogas, da violência, da extrema pobreza, das periferias dos grandes centros que crescem a cada dia e se encontram sem a mínima infra-estrutura para escolher esses irmãos e irmãs; impotência diante dos grandes projetos; realidade de isolamento vivendo em áreas muitos distantes e com um sistema de comunicação muito precário, isto onde já existe. Não podemos nos esquecer da realidade eclesial do interior da Amazônia onde as comunidades têm a visita do presbítero somente duas ou três vezes por ano.

Colocamos todos esses presbíteros, mais de 20 mil no Brasil, no coração de Cristo que conduz todos ao Pai.

Convido os Presbíteros que participam desta santa eucaristia para que, em volta do altar de Deus, possam acolher, bem de perto nossa manifestação de recolhimento e gratidão, que é gratidão a todos os Presbíteros que servem em tantos lugares e que são amados pelos cristãos.

E lembro-me de Pe. Eliseu Dias, Pároco durante muitos anos em Ubaíra, diocese de Amargosa, na Bahia. Por ocasião da ordenação presbiteral de dois jovens filhos daquela cidade, organizamos uma semana missionária. Ao grupo do qual participava, coube faze a visita à casa do padre Eliseu. Ele já doente, em cadeiras de rodas, veio até a sala. Cantamos, rezamos, meditamos a Palavra de Deus. E ao final, pedi: Pe. Eliseu, veja que semana bonita com a visita de casa em casa. Qual a mensagem que o senhor deixa para nós? Depois de insistir, ele assim falou: "Tudo fiz por amor a Jesus Cristo! Façam vocês também!" Que belo testemunho de quem traz no coração a convicção de que o servo não é maior do que o seu senhor.

Refrão: Graças a Deus, graças a Deus, vamos dar graças a Deus pelos padres que nos deu! (bis)
Rezamos todos por eles, respondendo: Obrigado, Senhor: (D. Anuar)
Pelos presbíteros do Brasil - Obrigado, Senhor.
Pelos que servem nas periferias das cidades - Obrigado, Senhor
Pelos que estão no interior...
Pelos que trabalham na formação dos futuros presbíteros, coordenações pastorais...
Por aqueles que se dispuseram a trabalhar em outras dioceses e também na CNBB como missionários.
Pelos que, a partir do Evangelho, testemunham uma vida de despojamento, de obediência e de castidade...
Por todos aqueles que, além das atividades pastorais, se dedicam ao ensino nas Faculdades...
Pelos presbíteros idosos e enfermos...
Pelos que se encontram desencorajados...
Pelos que se dedicam à pastoral presbiteral...
Pelos presbíteros missionários em outros países...
Pelos religiosos presbíteros...
Entrega da Bíblia a cada presbítero. Os bispos referenciais para o acompanhamento aos presbíteros em cada regional entregam a Bíblia, enquanto cantamos: Graças a Deus...

 

Fonte: www.cnbb.org.br

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