Ele se fez pobre para nos enriquecer

Edson Assunção *

Desde 1998 a Igreja no Brasil dedica o 3º domingo do Advento para a Campanha Nacional de Evangelização. Nela, além de sensibilizar os católicos brasileiros para o imenso campo apostólico que é nosso país, com suas mais de cem mil comunidades, a Igreja no Brasil vem pedir a seus membros uma colaboração material especial para ajudar a manter-se com seus projetos de evangelização.

A evangelização é todo um processo, que, de acordo com o Projeto da Missão Continental, segue um itinerário bem marcado: o primeiro passo é o encontro pessoal com Jesus (que para os pagãos se faz através do primeiro anúncio da Palavra e da Pessoa de Jesus), que deve levar a uma autêntica conversão (resposta inicial de quem crê em Jesus Cristo e se esforça por segui-lo), que levará ao discipulado, ou seja, o amadurecimento constante no seguimento de Jesus (graças á catequese permanente e á vida sacramental). O discipulado, por sua vez, exige a comunhão, isto é, a vida em comunidade (pois nenhum discípulo de Jesus vive sozinho) e atinge seu cume na missão (quando o discípulo sente que não pode guardar só para si a imensa riqueza que recebeu no seu batismo).

E aqui entre o tema da Campanha de Evangelização deste ano. Jesus, sendo rico (é Deus), esvazia-se a si mesmo ao assumir nossa natureza humana. O Criador torna-se criatura. Santo Agostinho vai nos dizer, eloquentemente, que "ao assumir nossa humanidade, Deus nos torna participantes de sua divindade", isto é, enriquece-nos com uma riqueza que o "ladrão não rouba e a traça não destrói" (cf. Lc 12,33).

O tempo do Advento, escolhido para a Campanha da Evangelização, nos ajuda a preparar o presépio de nossos corações para celebrar esta riqueza que nos é dada, o próprio Filho de Deus (cf. Is 9,5), fonte de todo bem e de tudo que é bom.

Mas, como já disse acima, não podemos acumular este tesouro só para nós, mas precisamos reparti-lo com os outros, s que estão ao nosso redor e também os que estão no mundo inteiro e que, este ano, mais uma vez não irão celebrar o natal por não saberem do que se trata, quem é o dono da festa. Ajudemos nossas paróquias, dioceses, Igreja no Brasil a realizar bem seu trabalho evangelizador, oferecendo nosso tempo, nossos talentos e também parte de nossos bens materiais. Quantos projetos deixam de ser realizados por falta de recursos humanos e materiais! Não aconteça de ser por mão fechada de nossa parte que alguém morra sem ter a oportunidade de ter feito uma opção livre e consciente por Jesus. Afinal, Ele confiou a cada um de nós a urgente (mesmo depois de dois milênios) tarefa de torná-lo conhecido por todo o mundo (cf. Mt 28,19). Somos ricos, possuímos a consciência do amor de Jesus por nós. Partilhemos esta riqueza com o Brasil e a humanidade inteira.

* Edson Assunção, sacerdote da Arquidiocese de Niterói e Secretário Nacional da Infância e Adolescência Missionária.

 

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