Marcha pela terra e pela vida

Egon Heck *

Mato Grosso do Sul - no compasso da luta

Serão mais de cem quilômetros de marcha que aproximadamente 500 pessoas farão em uma semana para juntar as lutas do campo e da cidade por uma verdadeira, ampla e popular Reforma Agrária e para denunciar os efeitos da crise para a classe trabalhadora no campo e na cidade. Também estarão presentes indígenas e quilombolas que além de sensibilizar a população a respeito da violação de seus direitos, estarão reafirmando o urgente reconhecimento de suas terras. As aldeias/acampamentos Kaiowá Guarani de Kurusu Ambá e Laranjeira Nhanderu estarão presentes na marcha.

Serão mais de cem quilômetros de reflexão, no passo e no compasso da luta pela vida com justiça e dignidade no campo. Serão os lutadores da terra do Cone Sul do Mato Grosso do Sul que estarão dizendo ao Brasil e ao Mundo que estão dispostos a lutar por uma estrutura fundiária que garanta a terra das populações tradicionais e a todos os que nela queiram trabalhar, e não apenas privilegie a concentração das terras nas mãos da monocultura do agronegócio da soja, cana e gado. Quem produz 70% dos alimentos é a agricultura familiar. Quem tem uma relação respeitosa e integrada da vida e produção no campo são os povos indígenas e quilombolas. É a partir daí que deverão ser pensadas as estruturas de produção e vida digna no campo.

Uma nova alvorada desponta no horizonte. A marcha parte alegre e consciente. Chegará a campos grandes e caminhos estreitos, onde se entrecruzam vidas e lutas, indignação e sonhos, dores e esperanças. De Nova Alvorada a Campo Grande será a distância certa para medir não apenas resistência física, mas principalmente para amadurecer propostas de futuro, no campo e na cidade, enfrentar a violência e a fome, a exploração e a injustiça, a acumulação e a carestia. Fazer de cada dia andado, uma grande celebração da esperança.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra defende uma Reforma Agrária que seja parte de um projeto de desenvolvimento para o país, que priorize a soberania alimentar do nosso povo e a dignidade do homem do campo e da cidade. Só essa Reforma Agrária verdadeira, massiva e popular pode resolver o problema da distribuição de riqueza e renda, da fome, da educação, da violência e de todas as desigualdades sociais existentes em nosso país.

Denuncia - "Os Governos Federal e Estadual abandonaram a pauta da Reforma Agrária para priorizar o modelo agrícola da monocultura agroexportadora, que se baseia na grande propriedade, no uso de elevadas quantidades de agrotóxicos, gerando poucos empregos e produzindo fome, miséria, exclusão social e degradação ambiental."

* Egon Heck, assessor do Cimi MS.

 

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