Ao longo seu pontificado, o Papa Francisco, que faleceu em 21 de abril de 2025, visitou todos os continentes habitáveis.
Por Jornal O São Paulo, com informações da Vatican News
Na viagem apostólica às Filipinas, em janeiro de 2015, uma multidão de seis milhões de fiéis acompanharam a missa de encerramento da visita do Pontífice, até hoje o maior evento da história do papado em número de participantes.
A seguir, leia um resumo das 47 viagens apostólicas do Papa Francisco, realizadas entre 2013 e 2024.
2013: Jornada Mundial da Juventude no Brasil
Entre 23 e 29 de julho, o Papa Francisco esteve no Rio de Janeiro para a XXVIII Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Ele também visitou o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no interior paulista. Este foi o único evento público internacional que o pontífice compareceu naquele ano e o primeiro de seu pontificado, que teve início quatro meses antes.
2014: Na Terra Santa, nos 50 anos do encontro de Paulo VI e Atenágoras
De 24 a 26 de maio de 2014, Francisco visitou as capitais Amã e Jerusalém e a cidade de Belém. Na chegada à Jordânia, o Papa encontrou-se com o Rei Abdullah II. Posteriormente, celebrou uma missa no Estádio Internacional de Amã. Durante sua viagem, presidiu missas na Praça da Manjedoura, em Belém, e na Sala do Cenáculo, em Jerusalém. Também realizou uma prece no Muro da Cisjordânia e visitou o Memorial às Vítimas do Terror acompanhado do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, além de encontrar-se com sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas na Igreja do Getsêmani, ao lado do Jardim das Oliveiras. Por fim, Francisco teve uma audiência sobre diálogo inter-religioso com o Patriarca Bartolomeu I.
2014: Na Coreia do Sul, para a VI Jornada da Juventude Asiática
Francisco chegou à Base Aérea de Seul, capital do país, em 14 de agosto para dar início à sua viagem de cinco dias à Coreia do Sul. A motivação foi a Jornada da Juventude Asiática. Realizou seu primeiro discurso público em língua inglesa, pedindo paz e reconciliação na Península da Coreia. No Estádio de Daejeon, o Pontífice celebrou uma missa campal, pedindo que os cidadãos rejeitassem “modelos econômicos desumanos e novas formas de empobrecimento”. Na celebração na Praça Gwanghwamun, o Papa beatificou os 124 mártires coreanos. Ele ainda encontrou-se com bispos, líderes do Apostolado leigo, e líderes religiosos durante sua viagem.
2014: Um dia na Albânia, para confirmar os irmãos na fé
A viagem, que teve duração total de onze horas, aconteceu em 21 de setembro de 2014. Na ocasião, o Pontífice presidiu missa na Praça Madre Teresa e rezou o Angelus. Ele encontrou-se com líderes de outras religiões e denominações cristãs na Universidade Católica Nossa Senhora do Bom Conselho, e reuniu-se com sacerdotes, religiosos, seminaristas e o movimentos leigos para rezar as Vésperas. Na conclusão da viagem, encontrou-se com crianças do Centro de Assistência Betânia e outras assistidas por institutos de caridade da Albânia.
2014: Em Estrasburgo, um discurso de esperança no Parlamento Europeu
O Papa Francisco realizou uma breve viagem à França, em 25 de novembro de 2014. Em Estrasburgo, discursou ao Parlamento Europeu. “Hoje, falando-vos a partir da minha vocação de pastor, desejo dirigir a todos os cidadãos europeus uma mensagem de esperança e encorajamento.”, ressaltou. Em seu discurso, foi enfático em duas palavras: “dignidade” e “transcendente”. Ao Conselho da Europa, o Papa Francisco exigiu um tratamento digno aos imigrantes ilegais no continente e melhores condições para os trabalhadores. “Os meus votos à Europa são de que, redescobrindo o seu patrimônio histórico e a profundidade das suas raízes, assumindo a sua viva multipolaridade e o fenômeno da transversalidade dialogante, encontre novamente aquela juventude de espírito que a tornou fecunda e grande.”, concluiu.
2014: Na Turquia, Francisco celebra São Jorge
De 28 a 30 de novembro de 2014, o Papa Francisco visitou a Turquia. O convite foi feito pelo Patriarcado de Constantinopla, por ocasião da Festa de Santo André, Apóstolo. Também teve encontro com Bartolomeu I e assistiu à celebração na Catedral de São Jorge, presidida por este Patriarca. Na ocasião, Francisco pediu a bênção ao Patriarca para a Igreja de Roma, e incentivou, por meio de uma declaração conjunta, a reunificação das duas Igrejas.
2015: Canonização no Sri Lanka e 6 milhões de pessoas nas Filipinas
De 12 a 19 de janeiro de 2015, Francisco realizou viagem apostólica ao Sri Lanka e às Filipinas. No primeiro país, encontrou-se com o episcopado local, e em uma missa no Galle Face Green, canonizou o Beato José Vaz. “Amados irmãos e irmãs, rezo para que, seguindo o exemplo de São José Vaz, os cristãos desta nação possam ser confirmados na fé e dar uma contribuição ainda maior para a paz, a justiça e a reconciliação na sociedade srilanquesa”.
Em Manila, nas Filipinas, o Papa Francisco encontrou-se com autoridades e o Corpo Diplomático do país. Também esteve com famílias e sobreviventes do tufão Yolanda, o clero filipino, jovens e líderes religiosos. A viagem foi encerrada com uma missa no Rizal Park, que reuniu seis milhões de pessoas.
2015: Na Bósnia, Francisco encontrava-se com a realidade de Sarajevo
Em 6 de junho de 2015, o Pontífice visitou a Bósnia e Herzegovina. Encontrou-se com autoridades, religiosos e jovens em Sarajevo, e celebrou missa no Estádio Kosevo. No encontro com religiosos, Francisco abriu mão do discurso que havia preparado, após ter ouvido o testemunho de três religiosos. “Os testemunhos falavam por si. E esta é a memória do vosso povo! Um povo que esquece a sua memória não tem futuro. Esta é a memória dos vossos pais e mães na fé: aqui falaram apenas três pessoas, mas por detrás delas existem muitos e muitas que sofreram as mesmas coisas”, ressaltou.
2015: Volta à América do Sul, com ida à Bolívia, Equador e Paraguai
Em julho de 2015, o Pontífice esteve em três países latino-americanos: no Equador, entre os dias 5 e 8; na Bolívia, de 8 a 10; e no Paraguai, de 10 a 12. Em sua passagem pelo Equador, Francisco reuniu-se com autoridades, visitou o clero equatoriano e presidiu missa no Parco de Los Samanes, além de encontrar-se com o mundo escolar e universitário na Pontifícia Universidade Católica do Equador. Ao chegar à Bolívia, no dia 8, Francisco afirmou que aquele país dava “passos importantes em direção à inclusão de setores de fronteira na economia e na vida política e social”. Destacou, também, o papel da Constituição boliviana como garantidora de “direitos das minorias e desenvolvimento natural”. Mais tarde, em recepção no Palacio Quemado, o Papa foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Condor dos Andes – a mais alta condecoração civil da Bolívia. Ele ainda presidiu missa na Praça Cristo Redentor e participou do II Encontro Mundial dos Movimentos Populares.
2015: Ida Cuba e aos EUA no Encontro das Famílias e na ONU
Em 19 de setembro de 2015, Francisco chegou a Havana, capital de Cuba, onde foi recebido em uma cerimônia de Estado. No mesmo dia, ele presidiu missa na Plaza de la Revolución e celebrou as Vésperas com o clero cubano. Também saudou os jovens no Centro Cultural Padre Félix Varela.
Depois, o Papa embarcou para Washington, onde foi recebido no South Lawn da Casa Branca. Na capital dos Estados Unidos, Francisco presidiu missa no Santuário Nacional da Imaculada Conceição, ocasião em que canonizou o Padre Junípero Serra, frade franciscano fundador de 9 das 21 missões espanholas na Califórnia. Em 24 de setembro, Francisco discursou perante o Congresso dos Estados Unidos, tornando-se o primeiro pontífice a fazê-lo. Como encerramento de sua passagem por Washington, o Papa visitou a Igreja de St. Patrick, a mais antiga paróquia católica na capital, fundada em 1794. Em seguida, viajou para Nova Iorque para participar da Liturgia das Horas na Catedral de São Patrício.
Em 25 de setembro, ele discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Na sequência, dirigiu-se para uma celebração ecumênica no Memorial Nacional de 11 de setembro. Em 26 de setembro, Francisco visitou a cidade de Filadélfia, sendo recebido por autoridades locais. O Papa ainda celebrou missa na Basílica-Catedral de São Pedro e Paulo, e visitou o Independence Hall, onde participou do VIII Encontro Mundial de Famílias. A visita encerrou-se com uma missa no domingo, 27 de setembro.
2015: Primeira ida à África – Quênia, Uganda e República Centro-Africana
O Papa Francisco esteve no continente africano em novembro de 2015. No dia 25, ele desembarcou no Aeroporto Internacional Jomo Kenyatta, em Nairóbi, sendo recepcionado pelo então presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta. Posteriormente, também se encontrou com os ex-presidentes Daniel arap Moi e Mwai Kibaki. Após os encontros, o presidente e o Papa discursaram conjuntamente para a nação. No dia seguinte, Francisco participou de um diálogo inter-religioso com líderes locais, na sede da nunciatura apostólica, onde exaltou a importância de tais diálogos como essenciais para prevenir a radicalização e ataques motivados por religião, mencionando o Caso do centro comercial Westgate de 2013 e o Ataque contra a Universidade de Garissa de 2015. Em 27 de novembro, a comitiva papal partiu de Nairóbi em direção ao Aeroporto Internacional de Entebbe, na Uganda, sendo recebidos pelo presidente Yoweri Museveni. No dia seguinte, Francisco visitou o Santuário de Munionio, dedicado aos mártires executados por Muanga II no século XIX. O Papa celebrou missa campal na presença dos presidentes Museveni, Kirr e Paul Kagame, assim como de descendentes diretos de Muanga II. Durante a celebração, incentivou o cuidado aos idosos, pobres, viúvas e desprovidos. Na tarde do mesmo dia, Francisco dirigiu-se para o aeroporto de Kampala para um encontro com cerca de 150 mil jovens ugandenses.
Na República Centro-Africana, Francisco encontrou-se com refugiados em Bangui, e com a Comunidade Muçulmana na Mesquita Central de Koudoukou. Na Catedral de Bangui, ele abriu a Porta Santa dando início ao Ano Santo Extraordinário da Misericórdia. “Hoje, Bangui torna-se a capital espiritual do mundo. O Ano Santo da Misericórdia chega adiantado a esta terra; uma terra que sofre, há diversos anos, a guerra e o ódio, a incompreensão, a falta de paz. Bangui torna-se a capital espiritual da súplica pela misericórdia do Pai”, afirmou. A visita de Francisco à República Centro-Africana, um país em plena guerra civil, marcou a primeira vez na história em que um papa adentrou uma zona de guerra.
2016: No México, como missionário de misericórdia e da paz
A viagem papal ao México, em fevereiro de 2016, foi antecedida por uma breve passagem por Cuba, onde aconteceu o encontro histórico de Francisco com o Patriarca de Moscou, Kirill. Foi o primeiro encontro entre os líderes das duas igrejas desde o Grande Cisma no ano de 1054.
Neste encontro, foi assinada uma declaração comum. “Encontrando-nos longe das antigas disputas do ‘Velho Mundo’, sentimos mais fortemente a necessidade de um trabalho comum entre católicos e ortodoxos, chamados a dar ao mundo, com mansidão e respeito, razão da esperança que está em nós (cf. 1 Ped 3, 15).”, consta em um dos trechos da declaração. Em 13 de fevereiro, teve início a viagem apostólica ao México, com encontros com autoridades, sociedade civil e o corpo diplomático, além de um encontro com o episcopado mexicano e uma missa na Basílica de Guadalupe. Francisco visitou também o Hospital Pediátrico “Frederico Gómez”, e presidiu missa com as comunidades indígenas de Chiapas. O Papa também encontrou-se com o clero mexicano, com crianças e jovens no Estádio “José María Morelos y Pavón”, e visitou o Centro Penitenciário CeReSo n.3. Dialogou, também, com representantes do mundo do trabalho e encerrou sua visita com a missa na Ciudad Juárez.
2016: Em Lesbos, na Grécia, proximidade com os refugiados
Em 16 de abril de 2016, Francisco realizou sua visita apostólica a Lesbos, na Grécia, sendo recebido pelo Patriarca Ecumênico de Constantinopla Bartolomeu; Sua Beatitude Hieronymos, Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia; e Dom Fragkiskos Papamanolis, OFMCap., Presidente da Conferência Episcopal Grega,
Todos se dirigiram a um extinto Campo de Refugiados, em Moira. “Vim aqui com os meus irmãos, o Patriarca Bartolomeu e o Arcebispo Hieronymos, apenas para estar convosco e ouvir os vossos dramas. Viemos a fim de chamar a atenção do mundo para esta grave crise humanitária e implorar a sua resolução. Como pessoas de fé, desejamos unir as nossas vozes para falar abertamente em vosso nome. Esperamos que o mundo preste atenção a estas situações de trágica e verdadeiramente desesperada necessidade e responda de modo digno da nossa humanidade comum.”, afirmou Francisco na ocasião. Após os discursos, os religiosos assinaram uma declaração conjunta. “Nós, Papa Francisco, Patriarca Ecuménico Bartolomeu e Arcebispo Hieronymos de Atenas e de toda a Grécia, reunimo-nos na ilha grega de Lesbos para manifestar a nossa profunda preocupação pela situação trágica de numerosos refugiados, migrantes e requerentes asilo que têm chegado à Europa fugindo de situações de conflito e, em muitos casos, ameaças diárias à sua sobrevivência.”.
2016: Pelo ecumenismo e a paz na Armênia
Entre os dias 24 a 26 de junho, Francisco visitou a Armênia, sendo recebido por autoridades no Aeroporto Internacional “Zvartnots” de Ierevan. No mesmo dia, rezou na Catedral Apostólica de Etchmiadzin, na qual ressaltou que, “para a Armênia, a fé em Cristo não foi uma espécie de vestido que se põe ou tira segundo as circunstâncias e conveniências, mas um elemento constitutivo da sua própria identidade, um dom de enorme valor que se há de acolher com alegria e guardar com empenho e fortaleza, à custa da própria vida.”.
No último dia da visita, encontrou-se com os Bispos Católicos Armênios e participou da Divina Liturgia na Catedral Apostólica Armênia. Por fim, participou de um almoço ecumênico com arcebispos da Igreja Apostólica Armênia, Bispos Católicos Armênios e os Cardeais e Bispos da Comitiva Papal no Palácio Apostólico, ocasião em que assinou uma declaração conjunta. “Louvamos ao Senhor por a fé cristã ser, hoje, novamente uma realidade vibrante na Armênia e pela Igreja Armênia exercer a sua missão com espírito de colaboração fraterna entre as Igrejas, sustentando os fiéis na construção dum mundo de solidariedade, justiça e paz”, lê-se em um dos trechos.
2016: Na Polônia por ocasião da XXXI Jornada Mundial da Juventude
Entre os dias 27 e 31 de julho, aconteceu, em Cracóvia, na Polônia, a XXXI JMJ, com a participação do Papa Francisco. Durante a viagem, o Pontífice encontrou-se inúmeras vezes com os milhares de jovens reunidos.
No dia 28, Francisco presidiu missa no Santuário de Częstochowa, por ocasião do 1050º aniversário do Batismo da Polônia. Um dos momentos marcantes da viagem foram as idas do Papa aos extintos campos de concentração de Auschwitz, onde visitou a cela de São Maximiliano Maria Kolbe; e de Birkenau, onde escreveu no livro de visitas: “Senhor, tem piedade do teu povo! Senhor, perdão por tanta crueldade!”. Francisco visitou também o Santuário da Divina Misericórdia, onde atravessou a Porta Santa. Na missa de encerramento da visita, no Campus Misericordiae, o Papa encorajou os jovens a encontrarem o verdadeiro olhar de Jesus. “Com este olhar de Jesus, vós podeis fazer crescer outra humanidade, sem esperar louvores, mas buscando o bem por si mesmo, felizes por conservar o coração limpo e lutar pacificamente pela honestidade e justiça”.
2016: Encontros ecumênicos e inter-religiosos na Geórgia e no Azerbaijão
A visita do Papa à Geórgia, em outubro de 2016, foi considerada de caráter ecumênico, pois seu ponto alto foi o encontro do Santo Padre com Sua Santidade e Beatitude Elias II, Patriarca da Igreja Ortodoxa Georgiana. “Desejo ser amigo sincero desta terra e deste povo querido, que não esquece o bem recebido e cujo tratamento hospitaleiro se alia com um estilo de vida genuinamente esperançoso, mesmo no meio das dificuldades que nunca faltam. Também este caráter positivo se enraíza na fé, que leva os georgianos, à volta da própria mesa, a implorar a paz para todos, lembrando até os inimigos.”, expressou Francisco, na ocasião.
Já no Azerbaijão, o Papa presidiu missa na Igreja da Imaculada no Centro Salesiano em Baku, além de visitar o Monumento aos Mortos pela Independência, e participar do encontro inter-religioso com o Chefe dos Muçulmanos do Cáucaso e com os representantes de comunidades religiosas.
2016: Na Suécia, a Comemoração Comum Luterano – Católica da Reforma
Entre os dias 31 de outubro e 1o de novembro de 2016, o Papa foi à Suécia, onde participou, na Catedral Luterana de Lund, de um momento de Oração Ecumênica. “Nós, católicos e luteranos, começamos a caminhar juntos pela senda da reconciliação. Agora, no contexto da comemoração comum da Reforma de 1517, temos uma nova oportunidade para acolher um percurso comum, que se foi configurando ao longo dos últimos cinquenta anos no diálogo ecumênico entre a Federação Luterana Mundial e a Igreja Católica”, declarou o Papa na ocasião. Ao final, ele assinou uma declaração conjunta por ocasião da comemoração conjunta católico-luterana da Reforma. O Pontífice também presidiu missa no Swedbank Stadion em Malmö.
2017: ‘O Papa na Paz no Egito da Paz’
Assim foi o lema da primeira viagem apostólica de Francisco em 2017, no Egito. Nos dias 28 e 29 de abril, o Pontífice esteve no Cairo, capital do país, e participou da Conferência Internacional em prol da Paz. Francisco, em seu discurso, descreveu o Egito como terra de civilização e terra de alianças. Francisco encontrou-se ainda com autoridades e com Sua Santidade Tawadros II, Patriarca da Sé de São Marcos. Ambos assinaram uma declaração comum.
“Obedientes à ação do Espírito Santo, que santifica a Igreja, a sustenta ao longo dos séculos e conduz àquela unidade plena pela qual Cristo rezou, hoje nós, Papa Francisco e Papa Tawadros II, para alegrar o coração do Senhor Jesus bem como os corações dos nossos filhos e filhas na fé, declaramos mutuamente que, com uma só mente e coração, procuraremos sinceramente não repetir o Batismo administrado numa das nossas Igrejas a alguém que deseje juntar-se à outra. Isto confessamos em obediência às Sagradas Escrituras e à fé expressa nos três Concílios Ecumênicos reunidos em Niceia, Constantinopla e Éfeso.”, diz o documento. Por fim, o Pontífice presidiu missa no Estádio Aeronáutica Militar, no Cairo.
2017: Em Fátima, no centenário das Aparições da Virgem Maria
“Com Maria, peregrino na esperança e na paz”, foi esse lema que acompanhou a peregrinação do Papa Francisco ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, por ocasião do centenário das Aparições da Bem-Aventurada Virgem Maria na Cova da Iria. Na tradicional bênção das velas, o Pontífice destacou Maria como “Mestra de vida espiritual”.
Já na missa do centenário, Francisco canonizou os Beatos Francisco Marto e Jacinta Marto. “Como exemplo, temos diante dos olhos São Francisco Marto e Santa Jacinta, a quem a Virgem Maria introduziu no mar imenso da Luz de Deus e aí os levou a adorá-Lo. Daqui lhes vinha a força para superar contrariedades e sofrimentos. A presença divina tornou-se constante nas suas vidas, como se manifesta claramente na súplica instante pelos pecadores e no desejo permanente de estar junto a ‘Jesus Escondido’ no Sacrário.”
2017: Na Colômbia, Francisco reza pela reconciliação nacional
Entre os dias 6 a 11 de setembro de 2017, Francisco esteve na Colômbia. Na Praça das Armas da Casa de Nariño, encontrou-se com autoridades civis e políticas. No Palácio Cardinalício, abençoou fiéis e encontrou-se com o episcopado colombiano. Já na Nunciatura Apostólica, reuniu-se com o Comitê Diretivo do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), ocasião em que exortou os bispos a estar atentos e a salvaguardarem e fazerem fluir a riqueza dos documentos de Medelín (1968) e de Aparecida (2007). “Se queremos servir, como Celam, a nossa América Latina, temos de o fazer com paixão”, exortou.
O Pontífice presidiu missa no Parque Simón Bolívar, e depois na esplanada CATAMA, em Villavicencio, onde também realizou um Encontro de Oração para a Reconciliação Nacional. “Queria, como irmão e como pai, dizer: ‘Colômbia, abre o teu coração de povo de Deus e deixa-te reconciliar’” pediu. Em Medelín, presidiu missa Aeroporto Enrique Olaya Herrera, e encontrou-se com o clero no Estádio Coberto La Macarena.
2017: Em Myanmar e Bangladesh, Papa ordena padres e encontra-se com budistas
Entre os dias 26 de novembro e 2 de dezembro de 2017, Francisco esteve em Myanmar e Bangladesh. Ele encontrou-se com os líderes religiosos de Myanmar, além de autoridades e a sociedade civil.
Francisco presidiu missa no Kyaikkasan Ground, e, em seguida, encontrou-se com o Conselho Supremo “Shanga” dos Monges Budistas. “O nosso encontro é uma ocasião importante para renovar e fortalecer os laços de amizade e respeito entre budistas e católicos. É também uma oportunidade para afirmar o nosso empenho pela paz, o respeito da dignidade humana e a justiça para todo o homem e mulher”.
Em Myanmar, Francisco encorajou os jovens a buscar sua vocação. “O Senhor convidará alguns de vós a segui-Lo como sacerdotes, tornando-se assim ‘pescadores de homens’. Outros, chamá-los-á para se tornarem pessoas consagradas. E outros ainda, chamá-los-á à vida matrimonial, para serem pais e mães amorosos. Seja qual for a vossa vocação, exorto-vos: sede corajosos, sede generosos e, sobretudo, sede alegres!”
Já em Bangladesh, Francisco esteve no Memorial Nacional aos Mártires e encontrou-se com as Autoridades, com a Sociedade Civil e com o Corpo Diplomático no Palácio Presidencial. No Suhrawardy Udyan Park, em Daca, ordenou cerca de 20 diáconos seminaristas à ordem do presbiterato. “Vós, queridos filhos, que ides entrar na Ordem dos presbíteros, exercereis, no que vos compete, o sagrado múnus de ensinar em nome de Cristo, nosso Mestre. Distribuí a todos a Palavra de Deus que vós mesmos recebestes com alegria. Meditando na lei do Senhor, procurai crer o que ledes, ensinar o que credes e viver o que ensinais.”
2018: No Chile e no Peru, Francisco anuncia a esperança
“Vou visitar-vos como peregrino da alegria do Evangelho, para partilhar com todos ‘a paz do Senhor’ e ‘para vos confirmar numa única esperança’. Paz e esperança, compartilhadas entre todos”. Assim Francisco dirigiu-se aos chilenos e peruanos na viagem apostólica aos dois países entre 15 a 22 de janeiro.
No Chile, o Pontífice visitou o Centro Penitenciário Feminino de Santiago, além de encontrar-se com o clero chileno na Catedral de Santiago. Francisco presidiu missa no Aeroporto de Maquehue e esteve com alguns habitantes de Araucanía na Casa “Madre de la Santa Cruz”, além de reunir milhares de jovens no Santuário de Maipu. Também esteve reunido com vítimas de abusos sexuais por parte do clero, com membros do povo Mapuche, com mulheres presas e com membros da igreja local.
No Peru, o lema da visita foi “Unidos pela esperança”. Foi uma mensagem em prol da unidade, mas para uma estéril uniformidade, mas, sim, valorizando toda a riqueza das diferenças herdadas na história e na cultura. “Testemunhei isso emblematicamente o encontro com os povos da Amazônia peruana que deu também início ao itinerário do Sínodo Pan-amazônico, convocado para outubro de 2019”, ressaltou Francisco.
Ainda no país, o Papa presidiu missa na esplanada litorânea de Huanchaco, e rezou diante das relíquias dos santos peruanos: São Toríbio de Mogrovejo, Santa Rosa de Lima, São Martinho de Porres, São Francisco Solano e São João Macías.
2018: Na Suíça, um peregrino ecumênico
Por ocasião do 70º aniversário da fundação do Conselho Mundial das Igrejas, o Papa Francisco foi a Genebra, na Suíça, em junho.
Na Oração Ecumênica, feita na ocasião, Francisco pediu unidade: “Depois de tantos anos de empenho ecumênico, neste septuagésimo aniversário do Conselho, peçamos ao Espírito que revigore o nosso passo. Este se detém, com demasiada facilidade, à vista das divergências que persistem; muitas vezes, bloqueia-se logo à partida, entorpecido pelo pessimismo. Que as distâncias não sejam desculpas! É possível, já agora, caminhar segundo o Espírito. Rezar, evangelizar, servir juntos: isto é possível e agradável a Deus. Caminhar juntos, rezar juntos, trabalhar juntos: eis a nossa estrada-mestra de hoje”.
2018: Em Dublin, na Irlanda, encontro com as famílias e um pedido de perdão
O IX Encontro Mundial das Famílias ocorreu em Dublin, na Irlanda, em agosto de 2018. Francisco, ao chegar ao país, visitou o Centro de Acolhimento para Famílias Sem Casa, e participou da Festa das Famílias, no Croke Park Stadium.
O Papa também conversou com oito sobreviventes de abuso de poder, de consciência e sexual. Na missa de encerramento, no Phoenix Park, declarou: “Pedimos perdão pelos abusos na Irlanda, abusos de poder e de consciência, abusos sexuais realizados por membros qualificados da Igreja. Em particular, pedimos perdão por todos os abusos cometidos em diversos tipos de instituições dirigidas por religiosos e religiosas e outros membros da Igreja. E pedimos perdão pelos casos de exploração do trabalho a que tantos menores foram submetidos. Pedimos perdão pelas vezes que, como Igreja, não oferecemos aos sobreviventes de qualquer tipo de abuso, com ações concretas, a compaixão, e a busca de justiça e verdade. Pedimos perdão. Pedimos perdão por alguns membros da hierarquia que não cuidaram dessas situações dolorosas e guardaram o silêncio. Pedimos perdão… Pedimos perdão pelas crianças que foram separadas de suas mães e por todas aquelas vezes em que se dizia a muitas mães solteiras que tentavam encontrar seus filhos que lhes foram separados, ou aos filhos que procuravam suas mães, que se tratava de “pecado mortal”. Isso não é pecado mortal, mas, sim, o quarto Mandamento! Pedimos perdão. Que o Senhor mantenha e aumente este estado de vergonha e compunção, e nos dê a força para comprometer-nos a trabalhar para que nunca mais isso aconteça e para que se faça justiça. Amém”
2018: Lituânia, Letônia e Estônia: um chamado à liberdade e à verdade
Três países bálticos estiveram no itinerário da 25ª Viagem Apostólica do Papa Francisco: Lituânia, Letônia e Estônia.
Na Lituânia, Francisco esteve com os jovens e pediu-lhes para irem contracorrente, abraçando a causa do Evangelho sem medo de optar por Jesus. A oração no Museu das Ocupações e Lutas pela Liberdade, em Vilnius, foi a última etapa da visita do Papa àquele país. Francisco visitou primeiro o Monumento pelas vítimas do Gueto de Vilnius, precisamente no Dia do Genocídio Hebraico na Lituânia, em 23 de setembro, recordando o ano de 1943 quando aquele Gueto foi encerrado. Depois, no Museu das Ocupações e Lutas pela Liberdade, o Santo Padre proferiu uma oração. Um momento de silêncio e reflexão num local símbolo da dominação soviética, onde estava a sede do KGB na cidade. O Papa visitou as celas 9 e 11 e a sala das execuções.
Franciso chegou à Lituânia – seu segundo destino – em 24 de setembro, na capital Riga. Depois, rumou a Aglona, uma cidade com cerca de 300 mil habitantes onde está o Santuário Internacional da Mãe de Deus. Neste centro de devoção dos letões, Fracisco presidiu missa.
Em 25 de setembro, já na Estônia, o Papa celebrou a Eucaristia na Praça da Liberdade, em Talin, e falou precisamente da liberdade dos que vivem sem Deus: “A proposta de Deus não nos tira nada; pelo contrário, leva à plenitude, potencializa todas as aspirações do homem. Alguns se consideram livres quando vivem sem Deus ou separados dele, mas não se dão conta de que, assim, percorrem esta vida como órfãos, sem um lar para onde voltar”.
2019: Na JMJ no Panamá, o Papa convida os jovens a um sonho chamado Jesus’
Foi no Campo de Santa Maria La Antígua, na Cidade do Panamá, que o Papa Francisco foi acolhido em 24 de janeiro na XXXIV Jornada Mundial da Juventude. Milhares de jovens saudaram o Santo Padre efusivamente e escutaram com grande atenção as suas palavras.
Francisco assinalou que este grande evento é tempo de encontro na pluralidade para que os jovens sejam “construtores de pontes”. O Papa exortou-lhes a viver um “sonho comum”, que a todos envolve: “Um sonho chamado Jesus”. E declarou: “A cultura do encontro é apelo e convite a termos a coragem de manter vivo um sonho comum”.
Em 25 de janeiro, na Via-Sacra dos Jovens com o Papa, a juventude refletiu nas estações sobre os sofrimentos dos pobres, dos povos indígenas, dos migrantes, dos mártires cristãos, além da violência contra as mulheres, a corrupção, o terrorismo, o aborto.
No domingo, 27 de janeiro, no Estádio Rommel Fernández, o Papa Francisco encontrou-se com os voluntários que organizaram e prestaram serviço nesta JMJ. Após ouvir seus testemunhos, agradeceu-lhes pelas palavras de carinho. Disse, ainda, que estes voluntários, já sabem o que significa uma missão e sublinhou como é importante não deixar que “as limitações” e “as fraquezas” nos “bloqueiem e impeçam de viver a missão” a que Deus nos chama.
2019: A histórica e inédita visita de um Papa à Península Arábica
Em fevereiro de 2019, pela primeira vez na história um Papa foi à Península Arábica, justamente na memória dos 800 anos da visita de São Francisco de Assis ao Sultão al-Malik al-Kamil.
“Muitas vezes, pensei em São Francisco durante esta viagem: ele ajudou-me a conservar no coração o Evangelho, o amor de Jesus Cristo, enquanto eu vivia os vários momentos da visita; no meu coração estava o Evangelho de Cristo, a oração ao Pai por todos os seus filhos, especialmente pelos mais pobres, pelas vítimas da injustiça, da guerra, da miséria…; a oração para que o diálogo entre Cristianismo e Islamismo seja um fator decisivo para a paz no mundo de hoje”.
O Papa participou do Encontro Inter-Religioso Internacional sobre “Fraternidade Humana”, em que assinou o histórico “Documento sobre a fraternidade humana para a paz mundial e a convivência em comum”. O texto é um apelo pelo fim das guerras e dos flagelos do terrorismo e da violência, especialmente com motivações religiosas. “A fé leva o crente a ver no outro um irmão a ser apoiado e amado”, lê-se no prefácio do documento, que inspirou o Pontífice a escrever a encíclica Fratelli tutti, lançada em outubro de 2020.
2019: No Marrocos, viagem dedicada ao diálogo, migrantes e à comunidade católica local
A viagem se caracterizou por três dimensões, uma dedicada ao diálogo inter-religioso, uma aos migrantes e aos carentes e, particularmente, a parte dedicada à pequena Igreja católica local.
Depois da recepção no aeroporto de Rabat-Salé pelo rei Mohammed VI, a cerimônia de boas-vindas na esplanada de Tour Hassan e o encontro com o povo marroquino, as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático. Depois, a homenagem do Papa ao Mausoléu Mohammed V e a visita de cortesia ao soberano, com a assinatura do apelo por Jerusalém reconhecendo a unicidade e a sacralidade da Cidade Santa. Seguido pela visita ao Instituto Mohammed VI encontrando imames, pregadores e pregadoras e o abraço aos migrantes acolhidos e assistidos pela Caritas diocesana de Rabat.
O Papa também fez uma visita privada ao Centro rural de serviços sociais de Temara, administrado pelas irmãs Filhas da Caridade. Depois foi à catedral de Rabat para um encontro com o clero, os religiosos, as religiosas e o Conselho ecumênico de Igrejas no Marrocos, seguido pela oração do Angelus. Também presidiu a Santa Missa no Centro Esportivo Príncipe Moulay Abdellah da capital, com a presença de cerca de 10 mil fiéis de 60 nacionalidades .
2019: Na Bulgária e Macedônia do Norte: peregrino da paz e da esperança
O Papa Francisco fez entre os dias 5 e 7 de maio daquele ano a 29ª Viagem Apostólica do seu pontificado. Na Europa visitou a Bulgária e a Macedônia do Norte, países em que os católicos são minoria.
Francisco visitou as raízes de Madre Teresa de Calcutá, filha de Skopje, ao visitar a casa – transformada em Memorial – onde a religiosa foi batizada um dia depois do seu nascimento.
O Pontífice foi recebido no museu pelas Irmãs da Congregação e depois, na capela, encontrou os líderes das comunidades religiosas do país e dois primos de Madre Teresa.
O Papa Francisco primeiro fez um momento de oração em silêncio diante das relíquias da Santa e depois rezou com os presentes uma oração em homenagem à Madre Teresa: “Aqui começaste a ver e a conhecer as pessoas necessitadas, os pobres e os humildes. Aqui aprendeste com os próprios pais a querer bem aos mais necessitados e a ajudá-los. Aqui, no silêncio da igreja, ouviste o chamado de Jesus para O seguir, como religiosa, nas missões”.
Na visita à Bulgária, destaque para o evento pela paz. Francisco apelou ao diálogo inter-religioso, falando em um local símbolo, em que, no mesmo sítio estão lugares de culto de diferentes confissões religiosas. Em Sófia, em 6 de maio, na Praça da Independência, seis crianças empunhando luzes fizeram a ponte, representando as seis principais confissões religiosas do país: Ortodoxa, Arménia, Hebraica, Protestante, Muçulmana e Católica.
2019: Na Romênia, alegria de ortodoxos e católicos
O Santo Padre na Romênia lançou pontes de diálogo ecumênico e encontrou a minoritária comunidade católica. Foi a 30ª viagem apostólica do seu pontificado e decorreu nos dias 31 de maio e 1 e 2 de junho. Houve momentos ecumênicos intensos e significativos. Passados vinte anos após a visita de São João Paulo II, o Papa regressou à Romênia, um país de maioria ortodoxa e onde os católicos são cerca de 7% da população.
De grande importância nesta visita do Papa o encontro com o Sínodo Permanente da Igreja Ortodoxa Romena. Francisco falou de uma fraternidade do sangue que ao longo dos séculos, como uma silenciosa corrente vivificante, nunca cessou de irrigar e sustentar o caminho dos cristãos. Ele propôs diálogo e um caminho juntos “rumo ao futuro com a consciência das diferenças, mas sobretudo na ação de graças de um ambiente familiar que deve ser redescoberto, na memória de comunhão que se deve reavivar” – disse Francisco.
Com os católicos, o Santo Padre esteve na catedral de São José em Bucareste e aí celebrou a Eucaristia na Festa da Visitação da Bem-Aventurada Virgem Maria. No interior e exterior da Catedral estavam presentes mais de 25 mil fiéis.
Em 1º de junho, na cidade de Iasi, o Papa Francisco encontrou-se com os jovens e com as famílias da Roménia. Começou por sublinhar no seu discurso a comemoração do Dia da Criança e pediu com um aplauso o direito das crianças a terem futuro.
Perante uma assembleia constituída por diversidades culturais, linguísticas e nacionais, pois estavam presentes fiéis, por exemplo, de língua polaca e russa, Francisco exortou todos a caminharem juntos encontrando-se como irmãos: “O Espírito Santo convoca-nos a todos e ajuda-nos a descobrir a beleza de estar juntos, de nos podermos encontrar para caminhar juntos; cada qual com a sua própria língua e tradição, mas feliz por se encontrar entre irmãos” – afirmou o Santo Padre.
Francisco presidiu no domingo dia 2 de junho à celebração de beatificação de sete bispos romenos, considerados mártires pela Igreja Católica. Estes bispos sofreram a opressão do regime comunista que dominou a Romênia durante grande parte do século XX. O Santo Padre chamou-lhes testemunhas de liberdade e misericórdia.
2019: Peregrino da paz em Moçambique, Madagascar e Ilhas Maurício
Em Moçambique, Madagascar e Maurício, Francisco levantou sua voz em defesa dos pobres e da Criação.
Em 5 de setembro, o Papa fez uma visita de cortesia ao presidente, no Palácio “Ponta Vermelha”, quando também encontrou as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático. No Pavilhão Maxaquene, o Pontífice falou aos jovens em um encontro inter-religioso. Na Catedral da Imaculada Conceição, falou aos bispos, sacerdotes, religiosos, consagrados e seminaristas, catequistas e animadores.
Em 6 de setembro, o Papa visitou o Hospital de Zimpeto e depois se deslocou ao estádio local para a Santa Missa. Logo no início da tarde, Francisco se despediu de Maputo e viajou a Antananarivo, em Madagascar.
No dia 7 de setembro, o Papa celebrou a Hora Média no Mosteiro da Ordem das Carmelitas Descalças. Depois do almoço na Nunciatura Apostólica, Francisco encontrou os bispos na Catedral de Andohalo e depois visita a sepultura da Beata Victoire Rasoamanarivo. O último compromisso do dia foi com os jovens no Campo Diocesano de Soamandrakizay.
No mesmo Campo Diocesano o Papa presidiu a Santa Missa. Depois, visitou a Cidade da Amizade de Akamasoa, e realizou uma oração com os trabalhadores no canteiro de obras de Mahatzana e o tradicional encontro com os sacerdotes, religiosos, consagrados e seminaristas no Colégio Saint Michel.
Por fim, no dia 9 de setembro, o Papa partiu de Madagascar para Maurício, onde foi recebido com cerimônia de boas-vindas no aeroporto de Port Luis. Francisco presidu a Santa Missa no Monumento de Maria, Rainha da Paz. Depois do almoço, aconteceu as visitas ao Santuário de Pere Laval e ao Palácio Presidencial.
2019: Na Tailândia, recorda as vítimas de violência; no Japão, defender a abolição das armas nucleares
Em sua 32ª viagem apostólica, Francisco foi à Tailândia e ao Japãom, entre 19 a 26 de novembro. No discurso às autoridades tailandesas, o Santo Padre lembrou as vítimas de violência, abuso e de exploração.
Em seu discurso, o Papa assinalou os desafios globais do mundo que “envolvem toda a família humana” e exigem esforços “em prol da justiça internacional e da solidariedade entre os povos”.
“Esta terra tem como nome liberdade” – recordou o Papa, afirmando a necessidade de serem superadas as desigualdades de acesso à saúde, ao trabalho, à educação.
No Japão, em Nagasaki, o Santo Padre prestou homenagem às vítimas das bombas nucleares durante a Segunda Guerra Mundial e recolheu-se em um breve momento de oração. Em discurso, sublinhou o horror do sofrimento causado pelas armas nucleares. Francisco afirmou que a posse de armas “não é a melhor resposta” para a paz e estabilidade internacional que não se constroem pelo “medo” – assinalou.
O Santo Padre ergueu a sua voz “contra a corrida aos armamentos” e apelou a um futuro de paz que “requer a participação de todos: as pessoas, as religiões, a sociedade civil, os Estados que possuem armas nucleares e os que não as possuem, os setores militares e privados, e as organizações internacionais” – disse o Papa.
2021: Iraque: uma viagem no caminho da paz, do diálogo e da reconciliação
Decorreu de 5 a 8 de março. Foi sua 33ª viagem apostólica que revestiu-se de uma enorme importância histórica e missionária. O Papa queria estar próximo de quem tanto tem sofrido e os cristãos do Iraque ansiavam pela sua presença.
Não obstante as dificuldades da pandemia e o perigo do terrorismo, Francisco foi o primeiro pontífice a visitar o Iraque. Esteve na terra natal de Abraão onde o Cristianismo está presente desde o século I.
O encontro inter-religioso na planície de Ur, na terra de Abraão, marcou profundamente a visita de Francisco no dia 6 de março. Na pátria do Patriarca que une o destino de judeus, cristãos e muçulmanos, foi intensa a oração em palavras pronunciadas junto às ruínas consideradas como a casa de Abraão. Em árabe foram evocados para o futuro os valores do perdão, da reconciliação e da paz por uma “sociedade mais justa e fraterna”.
Francisco declarou que o extremismo e a violência são traições da religião: “Hostilidade, extremismo e violência não nascem de um ânimo religioso: são traições da religião. E nós, crentes, não podemos ficar calados, quando o terrorismo abusa da religião. Antes, cabe a nós dissipar com clareza os mal-entendidos. Não permitamos que a luz do Céu seja ocultada pelas nuvens do ódio!” – disse o Papa.
No final da tarde de sábado, 6 de março, o Papa celebrou Eucaristia na Catedral de São José (Bagdad), uma igreja que foi alvo de um atentado terrorista perpetrado pela Al-Qaeda em 2010. Francisco foi o primeiro Papa a presidir em rito caldeu, um dos principais do oriente católico.
O Santo Padre rezou pelos mártires do último século e os que sofrem perseguições por causa da fé em Jesus. Na sua homilia, Francisco ressaltou a importância das bem-aventuranças, sublinhando que a lógica cristã é diferente das prioridades de sucesso, poder e dinheiro da sociedade: “A inversão é total: os pobres, os que choram, os perseguidos são declarados bem-aventurados. Como é possível? Bem-aventurados, para o mundo, são os ricos, os poderosos, os famosos! Vale quem tem, quem pode, quem conta. Para Deus, não: não é maior quem tem, mas quem é pobre em espírito; não quem pode tudo sobre os outros, mas quem é manso com todos; não quem é aclamado pelas multidões, mas quem é misericordioso com o irmão”, afirmou.
No domingo, 7 de março, o Papa esteve em Mosul, o antigo bastião do autoproclamado Estado Islâmico no norte do Iraque. Presidiu a uma oração na praça das Igrejas. Neste local, quatro igrejas foram danificadas ou destruídas entre 2014 e 2017, pertencentes à comunidade siro-católico, arménio-ortodoxa, siro-ortodoxa e caldeia. Francisco rezou pelas vítimas da guerra e do terrorismo:
No mesmo dia, o Papa visitou a cidade cristã de Qaraqosh, no norte do Iraque. Aí deixou uma mensagem de esperança às populações atingidas pela violência. Francisco a todos encorajou afirmando que aquele encontro do Papa com os cristãos na Catedral da Imaculada Conceição “demonstra que o terrorismo e a morte nunca têm a última palavra”. Esta Catedral tinha sido vandalizada e queimada pelo Estado Islâmico e foi agora restaurada em 2020.
Grande celebração eucarística no Estádio Franso Hariri, em Erbil, na tarde de domingo 7 de março. Presentes o arcebispo caldeu de Erbil, D. Bashar Warda, e o patriarca da Igreja Assíria do Oriente, o ‘catholicos” Mar Gewargis III.
2021: Congresso Eucarístico em Budapeste e visita à Eslováquia
Em 12 de setembro, o Papa Francisco iniciou a 34ª viagem apostólica de seu Pontificado, que incluiu a ida em Budapeste, na Hungria, para a participação no 52º Congresso Eucarístico Internacional. Depois, deslocou-se à Eslováquia.
Em Budapeste, Francisco esteve com os representantes do Conselho Ecumênico das Igrejas e algumas Comunidades Judaicas da Hungria, no Museu de Belas Artes de Budapeste. Também presidiu a Santa Missa de encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional, na Praça dos Heróis.
Já na Eslováquia, o Pontífice se encontrou com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático no jardim do Palácio Presidencial de Bratislava, além de conversar com os bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas, seminaristas e catequistas na Catedral de São Martinho, em Bratislava. Francisco também presidiu a Divina Liturgia Bizantina de São João Crisóstomo na Praça do Mestská športová hala, em Prešov. Encontrou-se com os jovens no Estádio Lokomotiva em Košice. Por fim, realizou um momento de oração com os bispos Santuário Nacional de Šaštin.
2021: Em Chipre e na Grécia, portas abertas para o Oriente e para o Ocidente
“Chipre é uma pérola no Mediterrâneo, uma pérola de rara beleza, mas carrega a ferida do arame farpado, a dor por um muro que a divide. Em Chipre, eu me senti em família; encontrei em todos irmãos e irmãs. Carrego no coração cada encontro, em particular a Missa no estádio de Nicósia”, disse Francisco no Angelus, após a viagem.
O Pontífice ressaltou que em Chipre, como em Lesbos, pôde olhar nos olhos este sofrimento. “Por favor, olhemos nos olhos os descartados que encontramos, deixemo-nos ser provocados pelos rostos das crianças, filhos de migrantes desesperados. Deixemo-nos comover pelo sofrimento deles para reagir à nossa indiferença; olhemos para seus rostos, para nos despertar do sono do hábito!”
Em seguida, o olhar do Santo Padre voltou-se para a Grécia, segunda etapa desta sua viagem apostólica. Francisco disse pensar com gratidão no país helênico. “Lá também recebi uma acolhida fraterna”, frisou.
2022: Em Malta, no coração do Mediterrâneo
O Papa Francisco realizou sua 36ª Viagem Apostólica indo a Malta, um arquipélago situado na região central do Mar Mediterrâneo, marcado historicamente pela acolhida de migrantes. Dessa experiência de acolhida, Francisco recordou o Apóstolo Paulo. O Pontífice também falou, em diversas ocasiões, sobre a realidade da guerra na Ucrânia.
Francisco encontrou-se com o presidente da República, o primeiro ministro, autoridades, corpo diplomático, membros da Companhia de Jesus e migrantes. Ele participou de um encontro de oração no Santuário Nacional de “Ta’ Pinu”, em Gozo; visitou a gruta de São Paulo, onde dedicou um momento de oração; e presidiu a Santa Missa no Largo dei Granai, em Floriana.
Francisco falou sobre a realidade da migração no encontro com as autoridades e o corpo diplomático, motivando a superar o medo contido na narrativa da invasão: “ajudemo-nos a não ver o migrante como uma ameaça não cedendo à tentação de construir pontes levadiças e erguer muros”.
Durante a visita à gruta de São Paulo, o Papa meditou uma oração que recorda o anúncio do amor de Deus aos habitantes da Ilha, que ainda não conheciam o Evangelho. No texto, fala também do naufrágio do apóstolo e seus companheiros de viagem. Ali, os malteses acolheram-nos “com coração aberto”.
No encontro com os migrantes, ressaltou a passagem bíblica que foi o lema da viagem apostólica – ‘Trataram-nos com invulgar humanidade’ (28, 2). “Refere-se à forma como os malteses acolheram o Apóstolo Paulo e todos aqueles que, juntamente come ele, naufragaram perto da Ilha. Trataram-nos ‘com invulgar humanidade’. Não só com humanidade, mas com uma humanidade não comum, uma solicitude especial que São Lucas quis imortalizar no livro dos Atos. Almejo que Malta trate sempre assim aqueles que desembarcam nas suas costas, sendo verdadeiramente para eles um ‘porto seguro’.”
Durante o encontro, Francisco pôde escutar testemunhos de migrantes acolhidos no Centro João XXIII. Ele manifestou um sonho de que os migrantes, depois de experimentarem “um acolhimento rico em humanidade e fraternidade”, possam tornarem-se “pessoalmente testemunhas e animadores de acolhimento e fraternidade”.
2022: Canadá: um forte apelo de cura e reconciliação
“Vim ao Canadá não como turista, mas como amigo para encontrá-los, vê-los, ouvi-los, aprender e saber como vivem as populações indígenas deste país. Vim como irmão para descobrir pessoalmente os frutos bons e maus produzidos pelos membros da família católica local, no decurso dos anos. Vim com espírito penitencial, para lhes manifestar o pesar que sinto no coração pelo mal que não poucos católicos lhes causaram apoiando políticas opressivas e injustas aplicadas a vocês”.
Nestas palavras de Francisco estão um pouco a síntese do que ocorreu em terras canadenses durante a sua 37ª Viagem Apostólica internacional.
Apesar das limitadas possibilidades físicas de Francisco, os encontros com as comunidades foram momentos para propiciar mais passos em frente com os indígenas e a favor deles.
Antes dessa viagem, Francisco recebeu no Vaticano alguns representantes dos povos indígenas – Métis, Inuit, First Nations – em três encontros privados. Naquela ocasião, o Pontífice expressou “dor e vergonha” pelos abusos e desrespeito à sua identidade, sua cultura e seus valores espirituais, também por parte de vários católicos que se adaptaram à mentalidade e às políticas de assimilação cultural dos séculos passados.
Já no seu primeiro discurso em terras canadenses, no encontro com os povos indígenas das Primeiras Nações, Métis e Inuítes, em Maskwacis, área localizada na região central de Alberta, a cerca de 70 km ao sul da cidade de Edmonton, disse que aguardava o momento de estar ali junto com os indígenas. “Chego às suas terras nativas para lhes expressar, pessoalmente, o meu pesar, implorar de Deus perdão, cura e reconciliação, manifestar-lhes a minha proximidade, rezar com vocês e por vocês”, disse Francisco.
Francisco também peregrinou ao lago de Santa Ana, a cerca de 70Km de Edmonton. Todos os anos, milhares de peregrinos oriundos do norte dos Estados Unidos e do Canadá se dirigem ao lago para se banharem nas águas consideradas sagradas e milagrosas. Ali Francisco fez uma menção ao papel vital das mulheres nas comunidades indígenas e recordou de sua própria avó, de quem recebeu o primeiro anúncio da fé e aprendeu como se transmite o Evangelho, mediante a ternura e a sabedoria da vida.
O Papa também presidiu missa no Santuário de Santa Ana de Beaupré. Na homilia, apontou o árduo caminho de cura e reconciliação que está sendo empreendido. Dificuldades e dores também se refletiram em uma faixa erguida por algumas pessoas perto do altar antes da celebração e depois colocada na entrada do Santuário.
Um longo aplauso concluiu o discurso do Papa na Catedral Basílica de Notre-Dame, em Québec, local escolhido para o encontro do Papa com bispos, sacerdotes, diáconos, seminaristas e vida consagrada canadense para a celebração das Vésperas na quinta-feira. Nela, está sepultado São Francisco de Laval, primeiro bispo e fundador do seminário de Québec e canonizado pelo próprio Francisco em 3 de abril de 2014.
No último dia da peregrinação dois encontros com delegações e comunidades indígenas, mas um mesmo pensamento: “Também hoje e aqui quero dizer-lhes o grande pesar que sinto; e desejo pedir perdão pelo mal cometido por não poucos católicos que, naquelas escolas, contribuíram para as políticas de assimilação cultural e de alforria”, disse o Papa.
2022: No Cazaquistão, mensageiro de paz e unidade
“Mensageiros de paz e unidade” foi o lema da Viagem Apostólica, cujo logotipo foi projetado por uma jovem artista católica, Marina Mun, que cresceu em Karaganda, no centro do Cazaquistão, e agora vive em Almaty, no sul do país.
O tema do diálogo esteve no centro dos discursos de Francisco: “Suas palavras continuarão sendo um ponto de referência para a fé de todos os católicos no Cazaquistão”, diz o bispo auxiliar de Karaganda e primeiro bispo local do Cazaquistão, dom Zinkovskiy.
A estadia do Papa em Astana também proporcionou a oportunidade de assinar um acordo entre a Santa Sé e a República do Cazaquistão. Este documento, explica o bispo Zinkovskiy, representa “um grande presente, que beneficiará a missão da Igreja no país”.
2022: Bahrein: diálogo, encontro e caminho
Em sua 39ª viagem apostólica internacional, Francisco intensificou as relações com o mundo islâmico e seus representantes.
A ocasião principal da viagem foi o “Bahrain Forum for Dialogue: East and West for Human Coexistence, (Fórum do Bahrein para o Diálogo: Oriente e Ocidente para a Coexistência Humana), um encontro inter-religioso desejado pelo Rei do pequeno arquipélago de 33 ilhas, Hamad bin Isa Al Khalifa, que se realizou nos dias 3 e 4 de novembro. O Papa participou do encerramento.
2023: ‘Dois sonhos’ na República Democrática do Congo e Sudão do Sul
“Dois sonhos”: assim o Papa definiu a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul na Audiência Geral após a viagem apostólica. “Todos reconciliados em Jesus Cristo” e “Eu rezo para que todos sejam um” (João 17): estes foram os lemas da Viagem Apostólica do Papa Francisco, respectivamente à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul.
Em 31 de janeiro, antes de deixar a Casa Santa Marta e dirigir-se ao aeroporto, Francisco encontrou-se com uma dezena de migrantes e refugiados provenientes justamente da República Democrática do Congo e do Sudão do Sul, acolhidos e apoiados, com suas famílias, pelo Centro Astalli. Com eles estava o prefeito do Dicastério para a Caridade, cardeal Konrad Krajewski.
Ao chegar ao aeroporto de Fiumicino, o carro do Santo Padre parou brevemente na proximidade do Monumento aos Caídos de Kindu, os 13 aviadores italianos mortos no Congo em 11 de novembro de 1961. Às vítimas daquele sangrento massacre e a todos aqueles que perderam a vida participando nas missões humanitárias e de paz, o Papa dedicou uma oração, e depois seguiu em direção ao avião.
Em seu primeiro discurso em terras congolesas, no dia 31, o Papa Francisco encontrou-se, em Kinshasa, com as autoridades, a sociedade civil e o Corpo Diplomático. Em seu discurso, falou da beleza natural do país, é “como um continente no grande continente africano, parece que toda a terra respira”, porém, continuou, “se a geografia deste pulmão verde é tão rica e matizada, já a história não se mostrou igualmente generosa: atormentada pela guerra, a República Democrática do Congo continua a padecer”.
“E enquanto vós, congoleses, lutais para salvaguardar a vossa dignidade e a vossa integridade territorial contra condenáveis tentativas de fragmentar o país, venho até junto de vós, em nome de Jesus, como um peregrino de reconciliação e de paz. Muito desejei estar aqui e, finalmente, venho trazer-vos a solidariedade, o afeto e a consolação de toda a Igreja e aprender com o vosso exemplo de paciência, de coragem e de luta”.
O Papa Francisco celebrou a missa pela paz e a justiça no Aeroporto de N’dolo, em Kinshasa, na República Democrática do Congo, em 1º de fevereiro. Participaram cerca de um milhão de fiéis.
Em um território marcado por muitos conflitos recentes, em especial na porção Leste do país, o Papa Francisco ouviu, na sede da Nunciatura Apostólica, os relatos de familiares e sobreviventes dos conflitos em andamento na República Democrática do Congo. Atentamente, o Papa escutou os relatos da violência brutal dos conflitos no Leste da República Democrática do Congo, que incluem assassinatos em massa, mutilações, sequestro, estupros em série, deslocamentos forçados e a vida em campos refugiados superlotados e insalubres.
O último compromisso do Papa na RD Congo foi com os representantes de algumas obras sociocaritativas na Nunciatura Apostólica local. Francisco iniciou sua saudação aos presentes afirmando que neste país, “onde há tanta violência que ribomba como o estrondo duma árvore derrubada, vós sois a floresta que cresce dia a dia em silêncio e torna o ar melhor, respirável”.
O Papa encontrou-se com os jovens e os catequistas no Estádio dos Mártires, no dia 2. No mesmo dia, teve um encontro de oração com sacerdotes, diáconos, consagrados, consagradas e seminaristas na Catedral de Nossa Senhora do Congo em Kinshasa. Ele mostrou sua satisfação por encontrá-los justamente na Festa da Apresentação do Senhor e Dia da Vida Consagrada. Falou de “enormes desafios” a enfrentar para viver o compromisso sacerdotal e religioso nesta terra, marcada por “condições difíceis e muitas vezes perigosas”, por tanto sofrimento. “Vemos a abundância da graça de Deus, que opera precisamente na fraqueza e vos torna capazes, juntamente com os fiéis leigos, de gerar esperança nas situações frequentemente dolorosas do vosso povo”.
Também teve encontro com os bispos na Conferência Episcopal Nacional do Congo, antes da despedida final.
O Papa Francisco encontrou-se com as autoridades, a sociedade civil e o Corpo Diplomático, no Palácio Presidencial, em Juba, no Sudão do Sul, em 3 de fevereiro. Na Catedral de Santa Teresa, teve o encontro com o clero, no dia 4, no qual fez alusão às águas do Rio Nilo, que atravessa o Sudão do Sul, bem como recorreu à história de Moisés.
Também dialogou com deslocados internos do Sudão Sul e reforçou seu pedido especialmente em favor do respeito às mulheres. O Sudão do Sul é o país onde há a maior crise de refugiados do continente africano, chegando a cerca de 4 milhões de deslocados. A insegurança alimentar e a desnutrição atinge cerca de 2/3 da população do país.
No último dia de visita ao Sudão do Sul, o Papa celebrou a Santa Missa no Mausoléu de John Garang. Na homilia, recordou as palavras do Apóstolo Paulo à comunidade de Corinto quando disse: “Não me apresentei com o prestígio da linguagem ou da sabedoria, para vos anunciar o mistério de Deus. Julguei não dever saber outra coisa entre vós a não ser Jesus Cristo e, Este, crucificado” (1 Cor 2, 1-2).
2023: Hungria: ‘Cristo é nossa esperança’
Entre os dias 28 e 30 de abril, Francisco visitou a Hungria e teve oito compromissos com autoridades civis, com membros da Igreja, com refugiados, crianças e jovens.
O Papa chegou à capital do país, Budapeste, e foi acolhido por autoridades civis. Ele foi ao Palácio Sándor, onde teve encontro com a presidente, Katalin Novák, e o primeiro ministro, Victor Orbán, em um auditório com cerca de 200 pessoas, entre autoridades políticas, religiosas, corpo diplomático e representantes da sociedade civil e da cultura.
Em seu discurso, Francisco ressaltou os valores cristãos testemunhados pelo povo húngaro e relembrou a história, o simbolismo das pontes e a vida dos santos da cidade de Budapeste, “chamada a ser protagonista do presente e do futuro”.
No segundo dia da viagem à Hungria, o Papa visitou o Instituto católico para deficientes visuais e Casa especial para crianças Beato Lázló Batthyány-Strattmann, em Budapeste. O Pontífice foi acolhido pelo diretor do centro e ouviu a execução de músicas pelas crianças e jovens que ali são atendidos.
Ainda pela manhã, Francisco encontrou-se com os pobres e os refugiados, na Igreja de Santa Isabel, em Budapeste. E motivou: “a fé nos faz sair ao encontro dos pobres e a falar a linguagem da caridade”.
Ainda no sábado, Francisco encontrou os jovens no estádio de esportes da capital. Ele destacou a importância de haver alguém que provoque e ouça as perguntas da juventude e não dê respostas fáceis e pré-fabricadas, mas ajude a enfrentar sem medo a aventura da vida à procura de respostas grandes. Também motivou os jovens a refletirem sobre o que procuram para suas vidas, e a buscarem metas altas.
O Papa presidiu a celebração eucarística na Praça Kossuth Lajos, com a presença de milhares de fiéis húngaros. A imagem do bom Pastor guiou a reflexão do Santo Padre que ressaltou as ações que Jesus, segundo o evangelho, realiza por suas ovelhas: de chamar para perto e depois fazer sair, tornando-se como Jesus, “uma porta aberta”.
2023: Com os jovens, em Portugal
“Todos, todos, todos”, a exortação “não tenham medo” e o convite aos jovens a serem “seres luminosos” para iluminar este mundo. Não poucas palavras, pronunciadas repetidas vezes pelo Papa Francisco ao longo dos seus 11 discursos e homilias nesta Jornada da Juventude, acompanharam o regresso ao “vale do cotidiano” de milhares de jovens de todo o mundo que dela participaram, e que recordarão de Lisboa como ‘casa de fraternidade’ e ‘cidade de sonhos’.
Também Francisco levou consigo as tantas imagens que lhe ficaram impressas nos intensos dias vividos entre Lisboa, Caiscais e Fátima. Aos jornalistas no voo Roma-Lisboa disse que voltaria rejuvenescido ao Vaticano, o que ficou perceptível já nos primeiros dias, visto ter se deixado contagiar pela alegria e motivação dos jovens logo cedo. Sentindo-se absolutamente à vontade por onde passou e com quem se encontrou, usou as linhas preparadas antecipadamente de seus pronunciamentos apenas como trampolim para externar longas reflexões que brotavam espontaneamente de seu coração.
A serenidade estampada em seu rosto e o olhar de compaixão quando passava em meio à multidão de papamóvel, especialmente quando encontrava crianças e enfermos, saltava aos olhos.
2023: Mongólia: paz, diálogo e fé
A 43ª viagem apostólica de Francisco tomou lugar na Mongólia. No total, foram cinco pronunciamentos feitos pelo Pontífice ao longo de três dias em Ulan Bator. O Papa encontrou autoridades civis, eclesiásticas e religiosas, e presidiu à celebração de uma missa.
Nessas ocasiões, reafirmou seu apelo pela paz e falou da responsabilidade das religiões para a pacificação dos conflitos e a importância da coerência no testemunho.
À pequena comunidade católica, Francisco a encorajou a não temer a pequenez e indicou o melhor caminho de todos: a cruz de Cristo; afinal, somos todos “nômades de Deus”, peregrinos à procura da felicidade, viandantes sedentos de amor. E só a fé cristã é a resposta.
Destaque na viagem para dois momentos: o encontro dentro de um “ger”, a tradicional morada dos povos nômades, com a senhora Tsetsege, mãe de onze filhos, que achou no lixo uma imagem de Nossa Senhora. Em 8 de dezembro de 2022, a estátua da Virgem Maria “Mãe do Céu” foi entronizada na Catedral de Ulan Bator e foi abençoada pelo Papa no encontro com os bispos e consagrados.
Outro momento significativo foi ao final da missa no ginásio da capital, em que Francisco pegou pela mão o bispo emérito e o atual bispo de Hong Kong para enviar uma calorosa saudação ao “nobre povo chinês”.
2023: Marselha, por ocasião dos Encontros Mediterrâneos
O Papa Francisco visitou entre os dias 22 e 23 de setembro Marselha, na França. O momento central da 44ª Viagem Apostólica Internacional do Santo Padre foi a sua presença no encerramento dos “Encontros do Mediterrâneo”, que em sua terceira edição aconteceu na cidade francesa.
Em seu discurso, o Papa demonstrou sua alegria e gratidão por estar presente no encerramento deste importante evento. Francisco evidenciou as características históricas de Marselha, e disse que a cidade nos diz que, apesar das dificuldades, a convivência é possível e geradora de alegria. “No mapa, entre Nisa e Montpellier, parece quase desenhar um sorriso; e assim me apraz pensá-la: como o sorriso do Mediterrâneo”, afirmou o Pontífice.
O Papa recordou das inúmeras pessoas que vivem imersas na violência e padecem por situações de injustiça e perseguição: “Penso em tantos cristãos, muitas vezes obrigados a abandonar as suas terras ou a habitá-las sem ver reconhecidos os seus direitos, sem gozar de plena cidadania. Por favor, empenhemo-nos para que quantos fazem parte da sociedade possam tornar-se cidadãos de pleno direito”.
O Pontífice sublinhou que esta situação não é uma novidade dos últimos anos, “nem este Papa vindo da outra parte do mundo é o primeiro a senti-la com urgência e preocupação”, disse rferindo-se a si mesmo, e completou: “a Igreja fala disto com tons vivos há mais de cinquenta anos”.
2024: Francisco na Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor-Leste e Singapura
Em sua 45ª viagem apostólica internacional o Papa Francisco esteve em quatro países da Ásia e da Oceania, em uma maratona de quase duas semanas na qual ele falou de fraternidade, valorizou a cultura e promoveu a família e a vida – em especial a dos mais jovens.
Nessa jornada, na qual passou por Indonésia, Papua Nova Guiné, Timor-Leste e Cingapura, o Pontífice mostrou que as suas dificuldades de locomoção e a ampla diferença de fuso horário em relação a Roma não são motivo suficiente para impedi-lo de sair de casa. Ele insiste em ir ao encontro do povo de Deus espalhado pelo mundo, encurtando distâncias que parecem longas demais a esta altura da vida.
Ao contrário, o Papa foi recebido com grande calor humano por onde passou. Em Timor-Leste, pequeno país no Sudeste asiático, foi recebido por 600 mil pessoas de guarda-chuvas brancos e amarelos – praticamente a metade da população de toda a ilha, segundo estimativas oficiais – para a missa campal na esplanada de Taci Tolu.
Ele elogiou o fato de que a população de Timor-Leste, que é mais de 90% católica, tem muitos filhos. “A proximidade de Deus acontece por meio de uma criança. Deus faz-se criança, não apenas para nos maravilharmos e comovermos, mas também para nos abrirmos ao amor do Pai e nos deixarmos moldar por Ele, para que possa curar as nossas feridas, recompor os nossos desentendimentos, pôr ordem na nossa existência,” disse na celebração.
Esse elogio foi uma reflexão que tem como pano de fundo a baixa taxa de natalidade de países mais desenvolvidos – como a própria Itália, por exemplo, ou Cingapura, que o Papa visitou. Sua visão de promoção da vida e da família está vinculada também a uma defesa dos direitos dos migrantes e dos bebês ainda não nascidos.
“Depois, o aborto. A ciência diz que um mês após a concepção existem todos os órgãos de um ser humano, todos eles. Fazer um aborto é matar um ser humano. Você goste ou não da palavra, mas é matar”, acrescentou, aqui criticando políticos que procuram legalizar o aborto.
Outra chave de leitura para essa longa viagem papal foi a valorização da convivência entre pessoas diferentes – e uma convivência que vai além da mera coexistência, mas uma convivência fraterna, amigável, terna. Isso ficou claro na Indonésia, quando assinou um acordo com Nasaruddin Umar, o Grande Imã de Jacarta, para criticar todo tipo de violência, em especial aquela perpetrada em nome da religião, e defender o cuidado da “casa comum”, o planeta Terra, nosso meio ambiente.
Em Papua Nova Guiné, um dos países mais ricos do mundo no que diz respeito à multiculturalidade, ele falou sobre a beleza das culturas humanas. Repleto de tribos e grupos indígenas, mais de 800 línguas são vivas por lá. “Em todos os países, a arte é altamente desenvolvida: danças, outras expressões poéticas… Mas em Papua Nova Guiné é impressionante, e em Vanimo o desenvolvimento da arte é impressionante. Os missionários que visitei estão na floresta, eles vão para a floresta para trabalhar”, declarou Francisco no avião.
E aí a sua mensagem de inculturação do Evangelho ficou clara. Também em Cingapura, ele procurou deixar claro que a mensagem e o amor de Cristo são para todos, universais. “Sem o amor, não somos nada”, disse. Não basta ter tudo de material: é preciso viver a gratuidade do amor de Cristo. “O mais belo edifício, o tesouro mais precioso, o investimento mais rentável aos olhos de Deus, o que é? Somos nós, somos todos nós: filhos amados do mesmo Pai, chamados, por sua vez, a espalhar o amor”, afirmou o Papa.
2024: Em Luxemburgo e na Bélgica, Papa trata de grandes dilemas da sociedade e da Igreja europeias
Com o objetivo de promover uma verdadeira conversão dos corações, o Papa Francisco fez mais uma visita apostólica no continente europeu, a 46ª viagem internacional do seu pontificado, desta vez passando por Luxemburgo, em 26 de setembro, e na Bélgica, entre os dias 27 e 29.
Em sua jornada, ele tocou em diversos temas difíceis, dilemas da cultura e da Igreja na Europa. Entre eles, a normalidade da secularização, a retomada da guerra, a convivência com a migração, a queda da natalidade e o problema dos abusos sexuais perpetrados por membros do clero. Nesse contexto, Francisco criticou o papel das ideologias, entre elas o nacionalismo, que cultivam uma mentalidade fechada e antidemocrática; e incentivou as autoridades civis e religiosas a “construir uma Europa unida e solidária”.
“Parece que o coração humano nem sempre sabe como valorizar a memória e periodicamente se desvia e retorna aos trágicos caminhos da guerra. Somos esquecidos disso”, declarou, em discurso às autoridades de governo de Luxemburgo, pequeno país com pouco mais de 670 mil habitantes.
“Para curar essa perigosa esclero se, que adoece gravemente as nações, aumenta os conflitos e corre o risco de lançá-las em aventuras com custos humanos imensos, renovando massacres inúteis, é preciso olhar para o alto, é preciso que a vida cotidiana dos povos e de seus governantes seja animada por altos e profundos valores espirituais”, acrescentou.
Naquele país, o Papa incentivou a integração e promoção dos migrantes, em espírito de “cooperação entre as nações”, em uma cultura de serviço; afinal, trata-se da “Igreja de Jesus Cristo, que não veio para ser servido, mas para servir”.
Em encontro com a comunidade católica do país, o Papa Francisco reconheceu que, em um contexto de sociedade secularizada, isto é, em que a religião já não assume o mesmo papel social e político que tinha no passado, a Igreja vive desafios. Mas é preciso “evoluir”, refletiu, transmitindo uma “fé alegre, dançante, porque somos filhos de um Deus amigo”.
“A Igreja, em uma sociedade secularizada, evolui, amadurece, cresce. Ela não se fecha em si mesma, triste, ressentida, não; ao contrário, ela aceita o desafio, em fidelidade aos valores de todos os tempos, de redescobrir e reavaliar de uma nova maneira os caminhos da evangelização, passando cada vez mais de uma simples abordagem de cuidado pastoral para a de proclamação missionária – e isso exige coragem”, disse ele.
Na Bélgica, país que unifica traços de cultura neerlandesa, francesa e alemã, e que é sede da União Europeia, o Papa falou sobre a necessidade de se construir pontes, seja na Europa, seja no mundo, seja na própria Igreja, “construindo a paz e repudiando a guerra”. Falou do risco de se chegar a uma guerra mundial, que hoje é verdadeiro, diante dos diferentes conflitos armados em zonas críticas do mundo como o Oriente Médio, a Ucrânia e a África.
No encontro de boas-vindas das autoridades do país, o Rei Filipe não poupou palavras para tocar em uma ferida ainda aberta: o problema dos abusos sexuais e de poder realizados por membros da Igreja. Algo que o rei definiu como “uma tragédia indescritível”. O Papa Francisco ouviu com atenção e reelaborou alguns de seus discursos no país para tratar do tema.
Chamou a crise dos abusos de “vergonha” e “praga”, algo pelo qual a Igreja deve “pedir perdão”. Disse, entretanto, que está “enfrentando com decisão e firmeza, escutando e acompanhando as pessoas feridas e atuando em todo o mundo com um programa capilarizado de prevenção”. Durante a viagem, ele se reuniu privadamente com sobreviventes.
Francisco esteve duas vezes na Universidade Católica de Lovaina: primeiro, para um encontro com professores e, em outro momento, para se reunir com jovens e estudantes. Em um desses dias, encontrou 50 mil pessoas que lhe esperavam do lado de fora, sob chuva, entre idosos, doentes e crianças. Em uma das manhãs, decidiu tomar café da manhã com os pobres, em uma paróquia de Bruxelas.
No ambiente universitário, ele explicou que a pesquisa e a ciência não devem ser somente instrumentos para obter um fim – o de conseguir um emprego ou de ganhar dinheiro, por exemplo, mas um empenho em busca da verdade, sempre em espírito de serviço.
“Estudamos para poder educar e servir os outros, antes de tudo, com o serviço da competência e da autoridade. Em vez de nos perguntarmos se estudar serve para alguma coisa, vamos nos preocupar em servir alguém. Uma bela pergunta que o estudante universitário pode se pôr: A quem sirvo? A mim mesmo? Ou tenho o coração aberto para outro serviço?”, disse aos jovens.
Também abordou o papel da mulher na Igreja e na sociedade, reafirmando que todos os seres humanos têm igual dignidade. “Não é o consenso nem são as ideologias que sancionam o que é caraterístico da mulher, o que é feminino. A dignidade é assegurada por uma lei original, escrita não no papel, mas na carne. A dignidade é um bem inestimável, uma qualidade original, que nenhuma lei humana pode dar ou tirar”, afirmou.
“A partir desta dignidade, comum e partilhada, a cultura cristã elabora sempre de novo, em diferentes contextos, a missão e a vida do homem e da mulher e o seu mútuo ser um para o outro, em comunhão. Não um contra o outro – isto seria feminismo ou machismo – e não com reivindicações opostas, mas o homem pela mulher e a mulher pelo homem, juntos.”
Entre os temas que surgiram na coletiva de imprensa durante a viagem de retorno a Roma, no domingo, 29, o Papa Francisco comentou sobre os bombardeios ocorridos recentemente no Líbano, em ataques que vêm sendo atribuídos a Israel, com o objetivo de atingir alvos do grupo político radical islâmico Hezbolah.
Referindo-se à forma como Israel tem bombardeado a Faixa de Gaza e o Líbano – com a justificativa de combater seus inimigos após o ataque de outro grupo radical, o Hamas, que invadiu Israel, matou e sequestrou civis, em outubro de 2023 – o Papa afirmou que “a defesa deve ser sempre proporcional ao ataque”.
Quando há algo desproporcional, disse ele, “isso mostra uma tendência dominante que vai além da moralidade”. Francisco acrescentou que se um país faz essas coisas “de forma tão superlativa”, então, são “ações imorais”.
“Todos os dias, telefono para a paróquia em Gaza. Estão lá dentro, na paróquia e no colégio, mais de 600 pessoas, e elas me contam as coisas que acontecem, as crueldades que acontecem lá”, reiterou o Bispo de Roma
2024: Na Córsega, Papa alerta sobre a instrumentalização da piedade popular
Recordando que o Mar Mediterrâneo é, historicamente, um canal de encontro entre muitos povos do Oriente e do Ocidente, o Papa Francisco viajou até a Córsega, em 15 de dezembro, naquela que seria a 47ª e última viagem apostólica internacional de seu pontificado. O principal motivo da viagem de um dia à ilha francesa foi participar da conclusão de um congresso sobre a piedade popular nos países mediterrâneos. Francisco deixou uma mensagem de unidade, pediu paz no mundo, em especial na Ucrânia e no Oriente Médio, e propôs uma “laicidade saudável” no que diz respeito à relação entre Estado e religião. Também fez um alerta sobre a instrumentalização da fé popular por líderes políticos. Ele também se reuniu com as autoridades civis – entre elas o presidente Emmanuel Macron – e eclesiásticas locais. Na maior parte do tempo, Francisco foi acompanhado pelo Cardeal François-Xavier Bustillo, O.F.M.Conv., Bispo de Ajácio, capital da Córsega. Na Praça de Austerlitz, ele presidiu a missa do 3° domingo do Advento.
Francisco afirmou ser um erro contrapor a cultura cristã à cultura laica: “Ao contrário, é importante reconhecer uma recíproca abertura entre esses dois horizontes. Os que crêem se abrem sempre com maior serenidade à possibilidade de viver a própria fé sem impô-la, vivê-la como fermento na massa do mundo e dos ambientes em que se encontram.”
Sobre os que não crêem ou aqueles que estão afastados da prática religiosa, Francisco acrescentou que eles “não são estranhos à busca pela verdade, a justiça e a solidariedade e, frequentemente, mesmo não pertencendo a religião alguma, levam no coração uma sede maior, uma questão de sentido que lhe conduz a interrogar o mistério da vida e a busca valores fundamentais para o bem comum.” Francisco afirmou que a piedade popular é uma forma de “encarnar” a fé na cultura e transmiti-la perenemente, mas alertou: “Temos de estar atentos para que a piedade popular não seja usada, instrumentalizada por agregações que querem reforçar a própria identidade em modo polêmico, alimentando os particularismos, as contraposições, os comportamentos excludentes”. “Tudo isso não responde ao espírito cristão da piedade popular e chama todos à causa, de modo especial os pastores, a vigilar, discernir e promover uma contínua atenção sobre formas populares da vida religiosa”, disse ainda. O Papa também lembrou que o conceito de “Estado laico” ou da laicidade das instituições civis deve ser dinâmico, “evolutivo”, para se adaptar às situações novas, diferentes e imprevisíveis.
A “saudável laicidade” é algo que já havia sido apresentado por Bento XVI quando afirmava que “uma tal laicidade saudável garante à política de operar sem instrumentalizar a religião, e à religião de viver livremente sem pesar demais com a política ditada pelo interesse, e às vezes pouco conforme, ou até mesmo contrário, às crenças religiosas”.
Com pesquisa de Fernando Arthur, a partir dos arquivos do O SÃO PAULO e da Vatican News. Filipe Domingues. Edição final: Daniel Gomes.