Em 12 anos de pontificado, seis dias de oração e reflexão foram ideias do Santo Padre.
Por Alberto Andrade
Desde o dia 13 de março de 2013 até sua páscoa definitiva, em 21 de abril de 2025, Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, surpreendeu a Igreja e a sociedade com sua simplicidade e carisma.
Foram 47 viagens apostólicas, percorrendo mais de 65 países e territórios, canonizou mais de 900 santos como seus antecessores João XXIII, João Paulo II e Paulo VI e figuras emblemáticas de fé e caridade como Madre Teresa de Calcutá e Santa Dulce dos Pobres, bem como produziu outros documentos, cartas, constituições e exortações.
Governando a Igreja, Francisco criou seis datas mundiais, para que os fiéis e a população do mundo todo entendessem o que os católicos pensam e oram sobre os diversos temas e sofrimentos de nosso planeta. Confira!
Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação — 1º de setembro
Em 2015, o Papa expressou o desejo em instituir esta data na Igreja Católica, assim como é realizado pelos ortodoxos desde 1970. Neste mesmo ano, foi escrita a encíclica “Laudato Si”, onde ele ressalta as preocupações com o futuro da criação. Comunidades, paróquias e dioceses têm a oportunidade de agradecer a obra da criação e refletir sobre os ataques cometidos contra o mundo.
“Como cristãos, queremos oferecer a nossa contribuição para a superação da crise ecológica que a humanidade está vivendo. Por isso devemos, antes de tudo, buscar no nosso rico patrimônio espiritual as motivações que alimentam a paixão pelo cuidado da criação, lembrando sempre que para aqueles que creem em Jesus Cristo, Verbo de Deus que se fez homem por nós…”, disse o Santo Padre.
Jubileu Extraordinário da Misericórdia
Entre a Solenidade da Imaculada Conceição, em 8 de dezembro de 2015, até 20 de novembro de 2016, solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo, as portas santas das basílicas de Roma foram abertas para que o povo de Deus nunca se canse de oferecer misericórdia e seja sempre paciente a confortar e perdoar.
“Digo: a Igreja tem necessidade deste momento extraordinário. Na nossa época de profundas mudanças, a Igreja é chamada a oferecer a sua contribuição peculiar, tornando visíveis os sinais da presença e da proximidade de Deus. E o Jubileu é um tempo favorável para todos nós a fim de que, contemplando a Misericórdia Divina que supera todos os limites humanos e resplandece na obscuridade do pecado, possamos tornar-nos testemunhas mais convictas e eficazes”, relatou Francisco.
Dia Mundial dos Pobres — 33º domingo do Tempo Comum
No fim do Jubileu da Misericórdia, o Papa anunciou, na Carta Apostólica Misericordia et Misera, o desejo de que a Igreja inteira dedicasse um dia especial para refletir e agir em favor dos mais necessitados.
A data oferece a cada cristão a oportunidade de ouvir e responder ao “grito dos pobres”, como um chamado à conversão e à prática da misericórdia. Francisco nos recorda que a Igreja deve ser uma “Igreja pobre para os pobres”, uma expressão que resgata o espírito evangélico de simplicidade, serviço e amor incondicional.
“É o tempo da misericórdia para todos e cada um, para que ninguém possa pensar que é alheio à proximidade de Deus e à força da sua ternura. É o tempo da misericórdia para que quantos se sentem fracos e indefesos, afastados e sozinhos possam individuar a presença de irmãos e irmãs que os sustentam nas suas necessidades. É o tempo da misericórdia para que os pobres sintam pousado sobre si o olhar respeitoso mas atento daqueles que, vencida a indiferença, descobrem o essencial da vida”.
Domingo da Palavra de Deus — Terceiro Domingo do Tempo Comum
Em 2019, o Santo Padre instituiu a data para reforçar os laços com os judeus e a rezar pela unidade dos cristãos, expressando um valor ecumênico, porque as Sagradas Escrituras indicam, para aqueles que se colocam à escuta, o caminho a ser percorrido para alcançar uma unidade autêntica e sólida. E ainda deu orientações para sacerdotes explicarem de forma direta e clara do que Deus nos fala.
“Para muitos dos nossos fiéis, esta é a única ocasião que têm para captar a beleza da Palavra de Deus e a ver referida à sua vida diária (…). Não se pode improvisar o comentário às leituras sagradas. Sobretudo a nós, pregadores, pede-se o esforço de não nos alongarmos com homilias artificiais ou sobre assuntos não relativos. Se nos detivermos a meditar e rezar sobre o texto sagrado, então seremos capazes de falar com o coração para chegar ao coração das pessoas que escutam”.
Dia Mundial dos Avós e Idosos — Quarto domingo de julho
São Paulo VI já tinha instituído a data para o dia 26 de julho para homenagear Ana e Joaquim, pais de Maria, mãe de Jesus. Em 2021, Francisco mudou para o quarto domingo de julho para proporcionar um momento mais acessível para as visitas às pessoas idosas e a reunião familiar, permitindo que netos e avós possam celebrar juntos, reforçando laços familiares de maneira mais significativa.
Em 2024, o tema do encontro foi 2024: “Na velhice, não me abandones”, falando do abandono das pessoas idosas devido à pobreza, imigração, guerras e individualismo.
“Convido-vos a anunciar este Dia nas vossas paróquias e comunidades, a visitar os idosos mais abandonados, em casa ou nas residências onde estão hospedados. Procuremos que ninguém viva este dia na solidão. Ter alguém para cuidar pode mudar a orientação dos dias de quem já não espera nada de bom do futuro; e de um primeiro encontro pode nascer uma nova amizade. A visita aos idosos abandonados é uma obra de misericórdia do nosso tempo”.
Ano de São José
Para celebrar os 150 anos do decreto Quemadmodum Deus, que declara o Esposo de Maria como Padroeiro da Igreja Católica, o Santo Padre convocou um ano especial ao pai adotivo de Jesus, entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021. Durante doze meses, os homens de fé aprenderam os ensinamentos de José e redescobriram a coragem e a determinação em proteger e cuidar das famílias e da obediência à vontade de Deus para nossa salvação.
“Quantas pessoas dia a dia exercitam a paciência e infundem esperança, tendo a peito não semear pânico, mas corresponsabilidade! Quantos pais, mães, avôs e avós, professores mostram às nossas crianças, com pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e atravessar uma crise, readaptando hábitos, levantando o olhar e estimulando a oração! Quantas pessoas rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos. Todos podem encontrar em São José — o homem que passa despercebido, o homem da presença quotidiana discreta e escondida — um intercessor, um amparo e uma guia nos momentos de dificuldade. São José lembra-nos que todos aqueles que estão, aparentemente, escondidos ou em segundo plano, têm um protagonismo sem paralelo na história da salvação”, exorta o Papa.