O Observatório Sírio para os Direitos Humanos — organização sediada no Reino Unido que monitora os acontecimentos no país — disse que pelo menos 745 civis foram mortos.
Por 7Margens
O assassinato de civis nas zonas costeiras do noroeste da Síria deve parar imediatamente, afirmou o responsável dos direitos humanos da ONU no domingo, 9 de março, na sequência de uma série de ataques coordenados alegadamente lançados por membros do antigo regime e outros homens armados locais.
“Estamos recebendo relatos extremamente preocupantes de famílias inteiras, incluindo mulheres, crianças e combatentes fora de combate, que estão morrendo”, afirmou Volker Türk num comunicado, citado pelos serviços de informação das Nações Unidas.
Segundo Türk, “há relatos de execuções sumárias numa base sectária por perpetradores não identificados, por membros das forças de segurança das autoridades provisórias, bem como por elementos associados ao antigo governo” de Bashar al-Assad, o ditador que fugiu em 2024 para a Rússia, perante o avanço de grupos opositores, associados a movimentos com ligações à Al-Qaeda.
Segundo a BBC News Brasil, o presidente interino da Síria, Ahmed Sharaa, pediu unidade nacional neste domingo, após dias de confrontos, nos quais foi relatado que as forças de segurança sírias teriam matado centenas de civis da minoria religiosa alauita.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos — organização sediada no Reino Unido que monitora os acontecimentos na Síria — disse que pelo menos 745 civis foram mortos em cerca de 30 “massacres” contra alauitas na sexta-feira (dia 7 de março) e no sábado (dia 8).
Somando aos mortos nos últimos quatro dias em combates, o total de mortes sobe para mais de mil, número que a BBC não conseguiu confirmar com outras fontes. Outras fontes, citadas pela CNN, apontam para números menos elevados — cerca de 650.
Bashar al-Assad e o seu pai, Hafez al-Assad — os dois ditadores que governaram na Síria durante mais de 50 anos, com apoio do Irã xiita — eram alauitas, que representam cerca de 15% da população na Síria (e sempre assumiram lugares de poder na administração durante o regime dos Assad) e se consideram xiitas, com uma forte hostilidade de outras correntes muçulmanas, o que explicará estes confrontos. O atual presidente interino, Ahmed Sharaa, tem mantido críticas ao Irã.
Grupos aterrorizam os civis
O responsável dos direitos humanos das Nações Unidas afirmou que os anúncios feitos pelas autoridades interinas sobre a sua intenção de respeitar a lei devem ser seguidos de ações rápidas para proteger os sírios, incluindo a adoção de todas as medidas necessárias para evitar quaisquer violações e abusos e conseguir a responsabilização quando estes ocorrem.
“Deve haver investigações rápidas, transparentes e imparciais sobre todos os assassinatos e outras violações, e os responsáveis devem ser responsabilizados, de acordo com as normas e padrões do direito internacional”, disse Volker Türk. “Os grupos que aterrorizam os civis devem também ser responsabilizados.”
Estes acontecimentos, bem como o aumento contínuo dos discursos de ódio, ilustram mais uma vez a necessidade urgente de uma justiça transitória abrangente que seja de propriedade nacional, inclusiva e centrada na verdade e na responsabilização, afirmou.