Suspensão de ajuda humanitária em Roraima afeta migrantes e população vulnerável

Sem água, saneamento e higiene, milhares de migrantes e vulneráveis em Roraima enfrentam risco humanitário após corte de ajuda dos EUA.

Por Redação

A Cáritas Brasileira anunciou a suspensão dos serviços emergenciais de água, saneamento e higiene em Boa Vista e Pacaraima, no estado de Roraima. A interrupção ocorre por determinação do governo dos Estados Unidos, que ordenou a reavaliação e o realinhamento da ajuda externa ao Brasil.

A suspensão impacta diretamente o projeto WASH Orinoco: Águas que Atravessam Fronteiras, que desde 2019 oferece serviços gratuitos para migrantes venezuelanos e brasileiros em situação de vulnerabilidade. Com a decisão, milhares de pessoas ficarão sem acesso a banheiros, chuveiros, lavanderia e água potável.

A Cáritas informou que a interrupção será válida por 90 dias, a partir desta segunda-feira (27), e ressaltou que o financiamento do projeto vinha sendo mantido pelo Escritório de População, Refugiados e Migração do Departamento de Estado dos EUA.

Crise humanitária

Nos últimos anos, Boa Vista se tornou um dos principais pontos de chegada para migrantes venezuelanos em busca de melhores condições de vida no Brasil. Segundo a Cáritas, apenas em 2024, mais de 50 mil pessoas utilizaram os serviços do projeto WASH, com uma média de mil acessos diários às instalações sanitárias. Desde o início do programa, em 2019, foram contabilizados 1,1 milhão de acessos e a lavagem de 82 mil quilos de roupas.

Além do WASH, a Cáritas mantém em Roraima o projeto Sumaúma: Nutrindo Vidas, que desde 2022 distribui duas refeições diárias para pessoas em situação de rua e extrema vulnerabilidade. Esse programa segue em funcionamento e já serviu mais de 1,2 milhão de refeições, sem previsão de suspensão.

Apelo por apoio governamental

A Cáritas destacou que a suspensão do financiamento internacional revela a fragilidade da dependência de recursos externos para a manutenção de serviços essenciais. A organização ressaltou que a responsabilidade pela formulação de políticas públicas voltadas à população migrante é do governo brasileiro e cobrou maior comprometimento do Estado.

"A atuação da sociedade civil é importante, mas jamais deve substituir a responsabilidade do governo na garantia de direitos básicos", afirmou a Cáritas em nota.

A organização segue em articulação com outras entidades e autoridades para minimizar os impactos da suspensão e garantir a continuidade do atendimento às populações mais vulneráveis na região.

Com informações de Cáritas Brasileira

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