Irmã Simona Brambilla falou a um grupo de portugueses que participa do Jubileu da Comunicação.
A irmã Simona Brambilla, prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, afirmou que sua nomeação representa um “passo” em direção a uma maior diversidade nas lideranças católicas.
“Não me parece que seja um ponto de chegada, é um passo de um processo”, no sentido de uma “diversidade cada vez maior”, que inclui no governo da Igreja as diversas sensibilidades, em sintonia com o processo sinodal, declarou a religiosa em um encontro com dezenas de portugueses que participam dos eventos do Jubileu da Comunicação.
Jornalistas, colaboradores de jornais, rádios e assessorias de imprensa, assim como responsáveis pela área de comunicação na Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), estão participando do Jubileu do Mundo das Comunicações, que acontece de hoje até domingo, em Roma.
A participação do grupo de Portugal começou com um diálogo sobre o tema "Francisco, um pontificado de esperança", conduzido pelo cardeal Tolentino Mendonça, no Dicastério para a Cultura e Educação.
A irmã Simona Brambilla destacou a “dimensão simbólica” de sua nomeação, que “abre uma reflexão, um diálogo, novas possibilidades”.
“A maioria dos consagrados e consagradas são mulheres. É normal, é compreensível que também no Dicastério a liderança e os colaboradores tenham representação de mulheres e de homens”, afirmou a prefeita.
Para a responsável, além de promover a participação das mulheres nos órgãos de decisão, é necessário “facilitar o diálogo e aprofundar a integração das dimensões feminina e masculina na Igreja”, numa relação de “reciprocidade”.
A religiosa expressou o desejo de que se promova uma “integração cada vez mais verdadeira e profunda das dimensões feminina e masculina na vida da Igreja e da humanidade”.
A prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica elogiou a dimensão “humana” do Papa Francisco, que combina “fortaleza e ternura”.
“Precisamos unir esse binômio: a ternura e proximidade com a firmeza, a coragem, a fortaleza”, acrescentou.
No dia 6 de janeiro deste ano, o Papa nomeou a irmã Simona Brambilla, das Missionárias da Consolata, como nova prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, tornando-a a primeira mulher a exercer um cargo desse nível na Cúria Romana.
Um mês antes, Francisco havia escolhido a irmã Brambilla para integrar o Conselho Ordinário da Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos.
Durante o encontro com o grupo português, a religiosa destacou a existência de “caminhos de sinodalidade” na Vida Consagrada, com espaços de escuta e valorização do “contributo de cada um, de cada uma e das diferenças”, incluindo as “discordâncias”, que podem “desafiar o sistema de pensamento”.
“O Jubileu como processo, como movimento, como peregrinação” implica avançar “em direção a algo novo”, apontou.
A irmã Simona Brambilla foi missionária em Moçambique e professora na Universidade Gregoriana; em 2011, foi eleita superiora-geral do Instituto das Missionárias da Consolata, sendo reeleita em 2017 para mais um mandato de seis anos.
Sobre sua experiência em território moçambicano, a irmã lembrou sua passagem por Niassa, no norte do país.
“Foi algo que transformou profundamente minha vida, o contato com essa cultura tão diferente da minha e com valores, uma espiritualidade, uma filosofia que chamamos de biosofia, uma filosofia da vida extraordinária e especial”, recordou.
A colaboradora do Papa lamentou as “tragédias” e os conflitos que afetam a população de Moçambique, que “carrega valores culturais, espirituais e humanos significativos e originais”.
A responsável defendeu a necessidade de promover “um processo de reconciliação e de paz, que inclua, obviamente, todas as partes”.