Há 20 anos, a Pastoral da Pessoa Idosa leva acolhimento e dignidade aos mais vulneráveis, transformando cuidado em missão.
Por Redação
A Pastoral da Pessoa Idosa (PPI), fundada em 5 de novembro de 2004, comemora duas décadas de atuação no Brasil, com uma missão de amparo e acompanhamento aos idosos em situação de vulnerabilidade. Criada por Zilda Arns, a pastoral é vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e atualmente conta com uma presença consolidada em todo o país.
Segundo Sandra Michellim, coordenadora nacional da PPI, a origem da pastoral remonta às demandas observadas por líderes da Pastoral da Criança, que identificaram a necessidade de orientação para idosos durante visitas familiares. A partir dessas necessidades, Zilda Arns, sensibilizada, tomou a iniciativa de criar a PPI, inspirada por ações como o Ano Internacional da Pessoa Idosa (1999) e a Campanha da Fraternidade de 2003, focada em "Vida, Dignidade e Esperança" para os idosos, além da promulgação do Estatuto da Pessoa Idosa em 2003.
Uma rede nacional de cuidado
Com cerca de 20 mil líderes voluntários, a pastoral realiza visitas mensais a aproximadamente 100 mil idosos em 200 dioceses, 1.080 municípios e 2.840 paróquias. Os voluntários são treinados para prestar suporte emocional e orientações sobre saúde e prevenção, fortalecendo laços de confiança e acolhimento. “Os padres incentivam a pastoral em suas paróquias, onde novos voluntários são capacitados para acompanhar as pessoas idosas”, explica Michellim, destacando que a PPI representa o olhar da Igreja para os mais vulneráveis.
Desafios e futuros passos
Entre os desafios enfrentados pela PPI, Sandra destaca a dificuldade de atendimento em regiões remotas, onde as visitas são limitadas pelo acesso geográfico e pela quantidade de voluntários. Outro obstáculo importante é a resistência da sociedade em reconhecer o envelhecimento populacional do Brasil, que deve se tornar a quinta maior população idosa do mundo até 2025. “É preciso substituir a cultura do descarte pela cultura do cuidado e do amor”, afirma Michellim, referindo-se à necessidade de uma nova consciência coletiva sobre o papel dos idosos.
Um desafio tecnológico também se impõe: o Sistema de Informação e Gerenciamento da Pessoa Idosa (SIGPPI), que visa registrar digitalmente o acompanhamento das visitas, enfrenta resistência devido à dificuldade de adaptação de alguns voluntários ao uso do celular. Para enfrentar isso, a PPI aposta na capacitação tecnológica de seus agentes.
Comemoração e futuro promissor
Para celebrar esses 20 anos, a PPI realizará uma festa no dia 16 de novembro, no Centro de Eventos Positivo, em Curitiba (PR). A celebração contará com uma missa presidida por Dom José Antonio Peruzzo, arcebispo de Curitiba e presidente da PPI, e concelebrada pelo padre Reginaldo Manzotti, embaixador da pastoral. Após a missa, haverá um show e o tradicional corte do bolo.
Sandra Michellim se mostra otimista quanto ao futuro da pastoral, apontando a renovação de convênios, a atualização de materiais didáticos e o incentivo à captação de novos voluntários. Em suas palavras, as perspectivas para os próximos anos da PPI são “as melhores possíveis”, com uma trajetória que já inclui mais de 18 milhões de visitas domiciliares realizadas.