A reflexão continua e não creio que chegaremos a uma decisão, porque neste caso a decisão implicaria inclusive mudanças doutrinais...
Por Rádio Vaticano
Congregação geral pela manhã, círculos menores à tarde: esta será a sexta-feira dos participantes desta XIV Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, no Vaticano.
Sobre os trabalhos sinodais, eis o que disse à Rádio Vaticano o Arcebispo de São Paulo, Card. Odilo Pedro Scherer:
“Nesta sexta-feira, pela manhã, teremos as intervenções dos auditores, dos observadores e dos delegados fraternos, de outras confissões cristãs. Na parte da tarde, nós voltamos aos círculos menores, aos grupos, para ‘trocar em miúdos’ toda essa reflexão, esse ‘ouvir’ do plenário para que se tornem também propostas. Cada grupo elabora propostas que depois serão reapresentadas no plenário e encaminhadas para a Comissão de redação.”
Ao Programa Brasileiro, o Card. Odilo
comentou um dos temas debatidos:
divorciados recasados
“Nós estamos nos ocupando da terceira parte do Instrumento de Trabalho, onde se trata das sugestões pastorais e das tentativas de encontrar encaminhamentos pastorais para os novos desafios ou para problemas ou situações constantes da família. Entre estes desafios, está a questão dos muitos casamentos falidos, que se rompem, e depois se reconstituem de alguma forma. Na legislação civil, naturalmente, isso se resolveu através do divórcio. Mas a Igreja não tem o divórcio. E por isso, uma segunda união, se a primeira foi válida, ou seja, não foi nula, se torna impossível. Porém, entre essas pessoas naturalmente há tantos católicos que querem participar da vida da Igreja, dos sacramentos da confissão e da comunhão. A Igreja viu muitas formas de participação na vida da Igreja, mas não a comunhão e a confissão. Esta é a questão: se vai haver uma mudança nessa maneira de a Igreja ver as coisas. Quem vê dificuldade em mudar as coisas baseia-se justamente nessa questão que está inerente ao próprio sacramento do matrimônio e à sua indissolubilidade. Mas existem os que propõem que haja uma flexibilização, sobretudo para os casais que já estão juntos há mais tempo e que haja uma via penitencial para que esses casais que sinceramente querem participar da vida eucarística e que não tem como mudar, voltar atrás. Ninguém está falando isso para ser uma medida genérica aplicável igualmente por toda a parte, mas que poderia ser eventualmente confiada ao discernimento dos bispos e em situações especiais, de pessoa a pessoa, caso a caso. A reflexão continua e não creio que chegaremos a uma decisão, porque neste caso a decisão implicaria inclusive mudanças doutrinais. E mudanças doutrinais não cabem ao Sínodo. Neste caso, seria um ato magisterial do Papa ou em outras instâncias da Igreja.”