Irmão Carlos José *
Deus criou o homem e a mulher segundo a Sua imagem (Gn 1,27). Agora somos a criatura perfeita da imagem e semelhança de Deus. Portanto, o homem e a mulher são convidados a deixarem seu pai e sua mãe para formar sua própria família (Ef 5, 31), em nome de Sua bênção (Gn 1,28). A família é o lugar sagrado onde Deus habita. Família é tão sagrada que Deus também quis ter uma. Preparou o coração de uma jovem da cidade de Nazaré e um homem de Belém chamado José descendente de Davi (Lc 1,26-27) para formar o lar onde o Menino Deus deveria nascer.
Nos tempos de outrora, Deus, vendo o mundo imerso no pecado, enviou seu Filho Unigênito para salvar seu povo. Como Criador do Universo e de todas as coisas nele existente, não quis nascer do nada; mas, contou com a proteção de uma família.
Aquela família de Nazaré é modelo para a nossa família! Olhando a Sagrada Família, Jesus, Maria e José, rogamos a Deus que ouça a nossa prece e nos ensine a e sermos verdadeiros pais. Padre Zezinho, em sua canção Estou pensando em Deus, cita: "E se as mães fossem Maria e os pais fossem José, e os filhos parecessem com Jesus de Nazaré". Não haveria desunião familiar, morte, guerra, abandono, sofrimentos, competição, ganância etc.
Jesus não nasceu em um lar de riqueza, não teve pais mestrados em alguma profissão; mas, nasceu dentro de uma família de fé, de coração puro, de oração, de quem confiava nas promessas divinas. Na simplicidade daquele casal, Deus revelou-se ao mundo o Seu projeto de redenção. Eles nunca foram ambiciosos em descobrir onde Deus estava levando-os, mas, viviam na plena certeza de que Deus era quem os conduziam. Maria demonstra sua fé guardando os mistérios da vida em seu coração (Lc 2, 19). Pois, ela sabia que os planos de Deus não falhariam e Ele iria revela-lós aos pequeninos (Mt 11, 25).
Maria é modelo de esposa, sofreu as preocupações comuns de mãe. Tamanha a dor que ela recebeu, quando ouviu a profecia, de que uma espada transpassaria seu coração (Lc 2, 35), e também quando teve que fugir com seu filho para o Egito (Mt 2,13), ou agonia de perder a criança no Templo (Lc 2, 44-46), a tristeza de uma mãe que encontra com o filho ensanguentado (Lc 23, 27), certamente não havia mais lágrimas quando recebeu o corpo sem vida de Cristo em seus braços (Mc 15, 47), foram momentos de tamanha dor que levaram Verônica a exclamar em seu canto: "Ô vós todos que passais pelo caminho, vede se há dor maior do que a minha?" Mas mesmo diante dos obstáculos da vida, não deixou de confiar em Deus (Lc 1, 49).
Maria sabe dos sofrimentos da vida familiar, por isso, estende sua mão para nos ajudar nos momentos difíceis. Ela tornou-se para nós a Mãe que invocamos como o nosso Perpétuo Socorro. A ela recorremos para buscar o auxilio, através dela falamos com seu bendito fruto Jesus. Mãe bondosa que nos aponta para o Cristo e nos aconselha: "Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo 2, 5).
Quando trocamos olhares com Maria Santíssima, mergulhamos na nossa pequenez, em nossa fragilidade, no coração dulcíssimo que revela para nós a bondade de Deus Pai. Na pureza de sua alma, encontramos o bálsamo para as nossas feridas, nossas tristezas, o alento para o nosso medo e a esperança de alcançar o auxílio divino por sua intercessão. Maria é a mais bela flor do jardim da humanidade, que Deus, escolheu para ser a mãe do seu Filho. Mulher que junto de Deus, acolhe nossos pedidos, como rosas e apresenta ao Senhor em nosso nome. Então quem é essa mulher, que junto do Pai é o nosso Socorro?
Quem é essa mulher
Tão formosa, vestida de sol?
Quem é essa mulher
Tão bonita como o arrebol?
Quem é essa mulher
Coroada com estrelas do céu?
Quem é essa mulher
De sorriso meigo, doce como o mel?
É Maria, a mãe de Jesus!
É Maria, a Senhora da Luz! (Bis)
Maria ampara as famílias que recorrem seu auxílio, pois ela é a imagem divina que Deus usa para falar com seus Filhos. O Deus invisível se fez visível através da encarnação revelando-se como homem, experimentando a vida humana, seu sofrimento e angústias. Tudo isso é graça de um Fiat (Sim) de uma mulher que acolhendo o pedido de Deus para ajudar no plano de salvação para o mundo que se encontrava em meio às trevas. Como Deus precisou desta mulher; hoje, Ele, ainda continua convocando-a para salvar as famílias que muitas vezes encontram-se mergulhadas na separação, na guerra, na falta de fé, na miséria do amor, na descrença da Palavra de Deus, no desrespeito dos cônjuges, no abandono dos filhos, dos pais, na ganância do poder, na vaidade, nas falsas promessas do mundo, nos vícios da bebida, da droga, na prostituição, na doença e tantos outros males que ameaçam destruir a vida familiar.
Em cada lugar que homenageamos Maria com um título, ela está sendo o Socorro de Deus que intercede em favor dos filhos, para que eles voltem a se encontrar com Cristo, pois somente "Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14, 6).
Maria, foi o primeiro sacrário onde Cristo morou e de lá, nasceu para permanecer conosco; portanto, ela é a perfeita mulher parecida com o Criador. O Cristo como homem é o mais perfeito semblante do Pai, pois nele está o homem e Deus numa só pessoa, "quem me vê, vê o Pai" (Jo 14, 7).
Hoje a Santíssima Virgem Maria, caminha com as famílias, ora em momentos felizes e ora em momentos tristes, ela sempre está intercedendo naqueles momentos mais angustiantes, quando a alegria acaba, Deus está em nossa vida, mesmo que o coração do homem e da mulher esteja fechado pelas trevas que às vezes assolam a existência quando, o ódio fala mais alto, quando o amor começa desaparecer da vida das famílias, quando o matrimônio não faz mais sentido, não traz mais alegria para o casal, quando os filhos caminham tortuosos pelas estradas da vida, lá está nossa bondosa mãe intercedendo por nós, "Eles não tem mais vinho" (Jo 2,3). O vinho é o centro da festa para os judeus, ponto alto da partilha, da alegria. Quando o vinho acaba em uma festa, significa que já chegou o fim da festa, somente a tristeza faz companhia para a alma. Neste paradoxo, Nossa Senhora, roga ao seu divino Filho para que Ele nos dê a alegria, paz para a nossa insegurança, luz para a nossa escuridão, consolo para a nossa tristeza, que seja o sol do nosso amanhecer. Mãe santa! Nunca desista das famílias, socorrei-as no caminhar para Deus.
Maria nos apresenta seu filho Jesus para nos confortar, pois somente Ele é quem pode nos dar o alívio para as noites escuras da vida familiar, "Vinde a Mim todos vós que estais cansados que Eu vos aliviarei" (Mt 11,28).
Em seu peito pulsa o coração de filha que sente segura junto de Deus Pai, mas ao mesmo tempo pulsa o coração de Mãe que sente como sua dor, a dor de todas as famílias que vivem em conflitos. Sua firmeza de esposa, não deixa de vacilar, porém seu olhar mesmo cheio de ternura, não esconde a tristeza de ver uma família sendo desunida e não intercedendo seu auxílio. Sejamos audazes em pedir a mão desta querida mãe para atravessar o mar bravio que ameaçam nos afogar, pois a mão de Maria é grande e forte, ela segura Jesus, mas ainda permanece aberta para apoiar quem mais dela precisar sentir seu amparo. Então invocamos a intercessão de Maria como o nosso Perpétuo Socorro porque ela é mãe de Cristo. O Socorro do Pai enviado ao mundo para amparar os fracos, consolar os tristes, curar os doentes, dar vistas aos cegos, libertar a família de tudo o que a oprime e faz sofrer.
Maria é a estrela de Deus na humanidade, quem olha em Maria enxerga a Luz de Cristo que ilumina nossos passos, clareia a nossa fé, acalma a nossa alma. Com ela, aprendemos que o silêncio também é oração, não temos nenhum discurso da mãe de Deus, mas Ela foi uma mulher de ação. Viveu recolhida no silêncio do seu coração onde se encontrava com Deus por meio das orações. Ela nos ensina que devemos recolher-nos no coração de Deus! Maria continua olhando com ternura por toda família que busca sua proteção. Com carinho cuida de cada filho, pois foi o próprio Jesus que pediu para que ela assim o fizesse: "Mulher, eis aí o teu filho" (Jo 19, 26).
Assim, confiamos a vós para que todas as famílias sejam unidas e perseverem nas promessas de teu Jesus. Mãe santa ouvi nossos pedidos a que viemos falar com amor.
Maria, minha mãe, Maria,
Queria te falar de amor.
Mostrar que em meu peito aberto,
Cultivo um jardim em flor.
Cultivo um jardim de rosas
Que não têm espinhos
Pra te machucar.
Cultivo um jardim tão lindo
Rosas perfumadas
Pra te ofertar.
Maria, eu que não sabia
Como era tão sublime amar.
Agora, mãe do céu, Maria,
Contigo sigo a cantar.
E canto pela vida afora,
Embora encontre pedras
Não vou mais parar.
Pois sei que com você, Maria
Minha mãe, Maria,
Vou sempre contar.
Maria, minha mãe, Maria
Maria vou sempre te amar
Maria vou sempre te amar .
* Irmão Carlos José, C.Ss.R, é Missionário Redentorista - Sorocaba/SP
Fonte: Revista Missões