Cerca de dois mil migrantes batem às portas da Itália

Alfredo J. Gonçalves *

Cerca de dois mil migrantes, em doze embarcações, se aproximam neste momento do sul da Itália. Dirigem-se à Ilha de Lamedusa ou Sicília, destino de mais de 40 mil refugidos e prófugos somente no decorrer do ano de 2014. Procuram escapar dos conflitos armados na Líbia, onde, com o avanço do Islamic State of Iraq and Syria (ISIS), se verifica um aumento espiral da violência.

As embarcações, apinhadas de fugitivos, foram identificadas pelas autoridades da Guarda Costeira. A notícia, como não poderia deixar de ser, desencadeia um debate acirrado entre as mais variadas posições diante desse fenômeno de migração compulsória. As opiniões se dividem: num extremo, estão os que tentam salvar os migrantes de um possível naufrágio, proporcionando-lhes uma acolhida humanitária (vale lembrar que dias passados desapareceram mais de 300 pessoas no canal da Sicília); no outro extremo, estão os que simplesmente propõem rechaçá-los como "indesejados e perigosos", alegando infltração de terroristas entre eles, com o intuito de atingir os países europeus.

Entre os doiss pólos opostos, as autoridades italianas se debatem na busca de uma solução em dupla frente: de uma parte, procuram envolver os demais países da Europa na chamada "ajuda humanitária aos fugitivos de guerra", evitando que o Mediterrâneo se converta em "cemitério de migrantes"; de outra, não excluem uma intervenção militar na Líbia, desde que sob a coordenação da ONU. Por outro lado, a tendência é aumentar a fuga de centenas e milhares de cidadãos, uma vez que seu número é proporcional à conquista, pelo ISIS, do território libano. Verdadeiras multidões nos portos da outra margem esperam uma oportunidade para embarcar.

Convém não esquecer que o continente europeu encontra-se ainda sob o efeito dos ataques terroristas, primeiro, em Paris (França), aos jornalistas do "Charlie Heddo", depois em Conpenhague (Dinamarca), a um debate jornalístico e a uma sinagoga. Tudo isso, para dizer pouco, traduz-se num clima crescente de apreensão.

Alfredo J. Gonçalves, CS, é Conselheiro e Vigário Geral dos Missionários de São Carlos.

Fonte: Revista Missões

Deixe uma resposta

dois × 3 =