Missão para libertar: o testemunho de uma missionária no combate ao Tráfico Humano

Jaime C. Patias

Irmã Eugenia Bonetti é missionária da Consolata, com 24 anos de experiência de trabalho no Quênia, África e Europa, onde conheceu o desespero e a escravidão de muitas mulheres traficadas com a promessa de uma vida confortável, mas depois caíram na rede da criminalidade. A religiosa preside a associação "Escravos No More", dedicada a ajudar as jovens que chegam à Itália, vindas da África e da Europa Oriental.

Graças à contribuição de voluntários, leigos e religiosos, foram iniciados vários projetos para a reintegração social das vítimas de tráfico e de trabalho escravo, tanto na Itália como nos países de origem dos imigrantes. "A nossa missão é combater a escravidão", explica a missionária que é autora dos livros Escravos (2010) e Breaking the Chains (2012).

Assista no DVD da Campanha, o testemunho de Irmã Eugenia, 2º Dia da Novena

Na Itália, muitas mulheres que estavam cansadas das notícias sobre corrupção e degradação moral, envolvendo o então primeiro-ministro Silvio Berlusconi, fizeram manifestações em 13 de fevereiro de 2011 em 230 cidades para dizer um "basta" à exploração da imagem feminina como objeto descartável. Entre as organizações presentes, as mulheres religiosas foram representadas pela irmã Eugenia Bonetti.

"Estou aqui para dar voz aos que não têm voz, às novas escravas, vítimas do tráfico de seres humanos para exploração laboral e sexual. Para lançar um apelo forte para garantir o reconhecimento da dignidade e restaurar a verdadeira imagem de mulheres arquitetas de suas próprias vidas e de seu futuro", disse irmã Eugenia, que desde o ano 2000 trabalha em Roma como responsável pelo departamento de "Tráfico de Mulheres e Crianças" da União dos Superiores Maiores da Itália, com cerca de 250 religiosos de 80 congregações. É a voz sábia e profética da Vida Consagrada contra um crime. Na sua corajosa denúncia, a religiosa sublinha que "a prostituição do corpo e da imagem das mulheres tornou-se parte integrante de programas de televisão e de notícias, cultura da vida cotidiana proposta para todos, inclusive para as crianças a quem nós pensamos proteger".

É nossa missão refletir sobre a condição da mulher, "muitas vezes considerada apenas pela beleza e aparência externa do corpo e não pela riqueza de seus verdadeiros valores como inteligência ou beleza interior, por sua capacidade de acolher, pela intuição, dom e serviço, pela sua genialidade ao transmitir o amor, a paz e a harmonia para nutrir e fazer crescer a vida". De todos os traficados no mundo, 79% dos casos estão ligados à exploração sexual, a maioria mulheres e crianças. "A maior parte da violência contra as mulheres - diz Irmã Eugenia - afeta as pessoas pobres e vulneráveis dos países ricos para serem postas no mercado, principalmente para fins de exploração sexual".

Fonte: www.pom.org.br

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