Joaquim Gonçalves
Cada dia que passa fica mais evidente que a intenção de Obama não é atacar a Síria ou derrubar Assad, mas bloquear a influência de Teerã no médio oriente. O único país que os Estados Unidos temem por causa de armas atômicas é o Irã. Colocar na Síria um governo aliado do ocidente significa um maior descanso para a hegemonia americana que tenta se firmar no mundo onde já existe e penetrar onde não existe. O controle político de um grupo de países é uma chave importante para o controle econômico, tanto para comprar recursos mais baratos, quanto para ter mercado assegurado para vender seus produtos.
A dificuldade de Obama está na metodologia para conseguir a aprovação de sua intervenção armada, considerada urgente. As propostas de diálogo já foram descartadas. A diplomacia, encharcada de mentiras, tem sido intensa, pelo menos pelo que sabemos através da mídia. A primeira tentativa foi a de segurar os mesmos aliados que deram as mãos a Busch para invadir o Iraque, também com o pretexto de armas químicas porque provas não havia, apesar de todas as pesquisas. A primeira a cair fora foi a Inglaterra. O povo inglês ainda carrega esse pesadelo e o senhor Blaire desapareceu do mapa. A França, depois das afirmações enganosas e superficiais de Hollande, acabou também recuando. Enfim a União Europeia em crise não quis agravar a própria crise. Ainda mais porque a França não quer continuar sozinha a carregar a imagem de país anti árabe.
Enfim, a aliança dos 11 países que inicialmente se tinham unido para apoiar o ataque dos Estados Unidos, fazendo uma fugaz referência às confirmações colhidas pelos observadores da ONU sobre o uso de armas químicas, também se enfraqueceu. E aí veio a intervenção do papa Francisco convocando a humanidade para um dia de oração e de jejum pela paz na Síria e dizendo que a paz não se constrói com armas e que as armas é negócio. Quando foi decidida a guerra do Iraque, o problema estava dentro dos Estados Unidos e não fora. Estavam atravessando um momento crítico de crise econômica e precisavam de uma saída, seja para não parar da fabricar armas e como para ter maior domínio sobre as fontes do petróleo.
Com esse cenário pela frente e com a incerteza ampla de que o parlamento do seu país vai aprovar a intervenção armada, Obama parte para outro cenário, o de fazer uma campanha corruptora do seu povo. Sabendo que a grande maioria dos americanos é contra a intervenção, Obama partiu para a campanha pela guerra nas redes de TV. Uma autêntica campanha de caris político para jogar na opinião pública explicações que mais não são do que e justificativas "remendo novo em pano velho"
Obama quer que o povo americano lhe lave as mãos, como fez Pilatos perante a condenação de Jesus. Ele está pedindo ao povo: "quereis a verdade ou a mentira"? Mesmo usando toda a água limpa que existe no mundo, não bastaria para lavar as mãos de Obama. Agora já não interessam as provas de armas químicas que teriam sido usadas. O que agora lhe interessa é infetar as consciências americanas que ainda resistem à guerra, como se gritassem: "queremos nosso Obama Barrabás e a paz pode ir para a cruz"!
Fonte: revista missões