Mário de Carli
Na semana que precede a solenidade de Pentecostes as igrejas cristãs se unem em alguns eventos que promovem o diálogo e a fraternidade. O CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs) que nasceu em Porto Alegre (RS) no ano de 1982 é o organismo que articula as atividades. Sua finalidade é o serviço da unidade entre as igrejas, empenhando-se em acompanhar a realidade brasileira, confrontando-a com o Evangelho e as exigências do Reino de Deus. É compromisso do CONIC, portanto, atuar em favor da dignidade e dos direitos e deveres das pessoas. Em um contexto religioso em que a intolerância tem sido cotidiana, o CONIC tem se empenhado em promover iniciativas de diálogo inter-religioso. Entrevistamos a Pastora Romi Márcia Bencke, formada em Teologia pela Escola Superior de São Leopoldo, ligada à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e mestranda em Ciência da Religião na Universidade Federal de Juiz de Fora. A Pastora é Secretária-Geral do CONIC e esclarece pontos importantes sobre a estrutura e trabalho deste organismo. Esta entrevista foi publicada (reduzida) na revista Missões, número 4, edição maio de 2013.
Confira a entrevista.
O CONIC nasceu para promover o diálogo, a valorização humana mútua e o crescimento da amizade fraterna entre as Igrejas. Além das Semanas de Oração para a Unidade dos Cristãos, quais são as ações promovidas entre os cristãos no Brasil?
A Semana de Oração pela Unidade é o projeto mais antigo do CONIC. Este projeto surgiu junto com o Conselho. No entanto, o Conselho de Igreja realiza muitas outras ações, das quais podem ser destacadas as três Campanhas da Fraternidade Ecumênicas coordenadas pelo Conselho (2000, 2005 e 2010). Chama-se a atenção da importância destas Campanhas para o testemunho de unidade entre as Igrejas que integram o CONIC.
Neste momento, o CONIC lançou uma Consulta Nacional sobre a "Afirmação da Liberdade Religiosa e perspectiva de diálogo inter-religioso". Esta consulta é direcionada inicialmente aos 18 regionais do CONIC, no entanto, qualquer grupo comunitário pode participar dela. Para tanto, basta acessar o site do CONIC www.conic.org.br, clicar em Consulta aos Regionais. Ali estão vários textos de reflexão sobre a temática da liberdade religiosa e diálogo entre as religiões. Há também um questionário para ser respondido pelos grupos. A partir das respostas recebidas, a Comissão Teológica do CONIC irá elaborar um material específico sobre o tema voltado para os grupos das Igrejas.
A intolerância religiosa tem aumentado significativamente no Brasil. Nosso país, durante muito tempo, foi reconhecido como um país religiosamente tolerante. Grupos religiosos dos mais variados conviviam e respeitava-se mutuamente. Esta realidade está cada vez mais frágil. Dados da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência apontam que em 2012, foram denunciados 109 casos de discriminação religiosa. Neste mesmo ano, das 11.305 páginas do Facebook denunciadas, 494 delas apresentavam conteúdo de intolerância religiosa. Este é um dos crimes virtuais com maior número de denúncias. Os grupos que mais sofrem são as religiões de matriz africana, indígenas, ciganos.
O não reconhecimento do valor do outro é algo que destoa completamente de qualquer princípio religioso. As religiões têm como prerrogativa o testemunho do amor de Deus. A discriminação religiosa, a não aceitação das diferenças como um valor positivo são atitudes contrárias aquilo a que as religiões se propõe, que é testemunhar a possibilidade de um mundo de paz, com uma diversidade reconciliada.
A motivação para o encontro, o diálogo e o convívio entre pessoas de religiões diferentes nos é dada pelos relatos sobre Jesus que encontramos no Evangelho. Jesus relacionou-se com pessoas de diferentes religiões. Respeitou todas elas, independentemente de sua origem religiosa, étnica, de gênero, política e assim por diante. Jesus, filho de mulher hebreia, estabeleceu relações de amizade com uma mulher siro-fenícia (Mc 7, 24-30), dialogou com a mulher samaritana (Jo 4,1-15). Estes são alguns exemplos da abertura de Jesus para com expressões culturais e religiosas distintas das suas. Esta deveria ser nossa motivação.
Anualmente o CONIC promove a Semana de Oração para a Unidade dos Cristãos. Este ano volta-se sobre os "dalits" da Igreja. Por que rezar por eles?
A Semana de Oração pela Unidade em âmbito mundial é promovida pela Comissão de Fé e Ordem do Conselho Mundial de Igrejas e pelo Pontifício Conselho da Unidade dos Cristãos da Igreja Católica Apostólica Romana. Todos os anos um grupo ecumênico de um país diferente é convidado a elaborar o material da Semana de Oração, que posteriormente é difundido pelo mundo todo. O Brasil, através do CONIC foi convidado a organizar este material para a Semana de Oração de 2015. Estamos trabalhando nisto.
A Semana de Oração deste ano foi organizada pelo Movimento Ecumênico de Estudantes Cristãos da Índia. Este movimento está completando 100 anos em 2013. Colaboraram no processo de elaboração deste material o Conselho Nacional de Igrejas da Índia e a Federação de Universidade Católica de toda a Índia. O tema de Semana 2013 é "O que Deus exige de nós?", baseado em Mq 6.6-8.
Ao avaliar a realidade Indiana, o grupo optou por chamar a atenção para a injustiça social vivida pelos Dalit's. O testemunho que o movimento ecumênico indiano nos oferece é o de que a busca pela unidade visível não pode estar dissociada da superação do sistema de castas e do apelo às contribuições para a unidade dos mais pobres entre os pobres.
Os dalits (párias), no contexto indiano, são as pessoas mais afetadas pelo sistema de castas. Este sistema é uma rígida estratificação social baseada em noções de pureza e impureza rituais. Este sistema classifica as castas "mais altas" ou "mais baixas". As comunidades de dalits são consideradas as mais impuras e causadoras de impureza, sendo por isso colocadas fora do sistema de castas. Os dalit's são chamados de "intocáveis". Em função disto, são socialmente marginalizados, politicamente mal representados, economicamente explorados e culturalmente subjugados. Quase 80% dos cristãos indianos têm origem nessas comunidades.
Neste sentido, não oramos pelos Dalit's, mas oramos por pela superação de todas as formas de organização social, política e econômica que causam exclusão e subjuguem grupos sociais à marginalidade.
No Brasil, muitos grupos sociais vivem situações similares. Podemos pensar nos povos indígenas que cada vez mais têm seus direitos anulados em função do avanço agropecuário e da exploração imobiliária. As comunidades quilombolas são outro grupo social que diariamente luta arduamente para ser reconhecidos em sua dignidade. Podemos pensar nos trabalhadores e trabalhadoras da reciclagem, nas mulheres das diferentes classes sociais que sofrem violência. O testemunho da unidade se fragiliza sempre que as desigualdades desconfiguram o projeto de uma humanidade harmonizada e reconciliada.
Em nível mundial e em conjunto com as Igrejas-Membro, (além da Defesa dos Direitos Humanos), o CONIC teve ações significativas e importantes?
Sim, o CONIC ao longo de seus 30 anos de história realizou muitas ações significativas, evidentemente voltadas mais para o cenário nacional, mas que tiveram reflexo em âmbito internacional. No ano de 2006, o Brasil foi escolhido para sediar a Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas. Foi a primeira vez que um país latino-americano sediou este evento. A opção pela escolha de nosso país certamente foi em função do testemunho ecumênico experenciado aqui. O CONIC como integrante do movimento ecumênico nacional contribuiu ativamente para a repatriação dos documentos do Projeto Brasil Nunca Mais. Estes documentos são a sistematização de informações sobre o que de fato ocorria nas prisões políticas em nosso país no período da Ditadura Militar. Este projeto é tido como o esforço mais relevante e abrangente realizado em nosso continente para registrar as violações aos direitos humanos praticadas por agentes do Estado nos anos de ditadura. Vale ressaltar que a realização deste Projeto foi possível graças à atuação do Reverendo Jaime Wright e ao apoio do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, da Arquidiocese de São Paulo. O financiamento do projeto foi do Conselho Mundial de Igrejas.
As Campanhas da Fraternidade Ecumênicas também tiveram reflexos em âmbito internacional. São poucos os países no mundo que conseguiram realizar uma ação ecumênica conjunta com a envergadura destas Campanhas.
Além desta ação que é resultado, na verdade, do conjunto do Movimento Ecumênico brasileiro, o CONIC lançou documentos doutrinais importantes. Entre os quais destacam-se o Reconhecimento Mútuo da Administração do Sacramento do Batismo e o documento sobre a Hospitalidade Eucarística. Ambos podem ser acessados pelo site do CONIC: www.conic.org.br
O Brasil não é mais um país majoritariamente católico. Os últimos dados do censo de 2010 apontam uma migração de fiéis católicos para igrejas evangélicas. Como o CONIC vê essa mudança na composição religiosa da população brasileira, sobretudo ao crescimento daqueles que se declararam evangélicos?
Este é um tema bastante complexo. Nos documentos do CONIC temos reconhecido o aumento da pluralidade religiosa como um fator positivo. Não é ruim as pessoas sentirem-se autônomas para optarem pela religião que desejam seguir. É bom quando uma sociedade comporta diversidade.
O CONIC é composto por Igrejas que integram o grupo das assim chamadas Igrejas Históricas: Católica Romana, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Episcopal Anglicana do Brasil, Presbiteriana Unida e Sirian Ortodoxa de Antioquia. A maioria destas Igrejas têm perdido membros. De forma que, esta nova realidade brasileira impõe desafios sérios às organizações eclesiásticas. A reação primeira é cada uma voltar-se para a sua própria instituição, refletir questões e ações que possam frear a perda de membresia. Esta atitude gera um impacto imediato no movimento ecumênico, que sofre esvaziamento e retração. A opção por teologias e discursos que reforçam a identidade teológica eclesial é outra consequência direta deste novo cenário brasileiro. Há uma resistência ao diálogo porque se associa o dialogo com ou entre igrejas e religiões como um fator que pode contribuir positivamente para o esvaziamento das Igrejas. Nota-se surgir em todas as Igrejas históricas o fortalecimento de práticas e discursos teológicos mais adaptados à nova configuração de disputa por um mercado religioso. Podem ser citados como exemplos a febre por construções de mega templos ou, então, o entusiasmo diante da aglomeração de números grandes de pessoas em eventos religiosos. O número tem se tornado mais relevante do que o conteúdo.
Outra questão que surge como consequência é o aumento dos já citados casos de intolerância religiosa. Assusta como crescem manifestações cristãs contrárias a outras religiões, intolerantes em relação a homoafetivos, mulheres e assim por diante. A instrumentalização da política por parte de grupos religiosos é outra questão que preocupa. Tem se tornado comum nos anos eleitorais a aproximação de partidos políticos com grupos religiosos. O número de fiéis tem sido um fator de barganha por parte de grupos religiosos para garantirem a efetivação de interesses corporativos. Isto vemos como preocupação.
Qual é o lugar da teologia neste cenário complexo em que religião tem sido identificada única e exclusivamente com números? Onde está a força profética das religiões neste cenário? Estas são questões que precisam ser refletidas. A Religião tem sido associada à espetáculo!
Acredito que a mudança na composição das Igrejas no Brasil precisa ser refletida não tanto no sentido de reverter a perda de membros, mas sim em uma realização de auto-crítica. Vamos nos render à religião enquanto mercado? Ou vamos refletir sobre o nosso papel social, sobre nosso compromisso primeiro com a proposta de Jesus, que era a de assumir um projeto de humanidade? É preciso ter clareza da diferença entre Igrejas enquanto instituições religiosas, preocupadas com as questões espirituais e humanitárias e aquelas Igrejas que se comportam como empresas que vendem serviços religiosos.
Apesar do Brasil historicamente ser um país religioso com maioria cristã, outra questão que tem chamado a atenção, neste atual cenário, é uma certa ignorância religiosa presente no país. Identifica-se em muitos discursos religiosos a completa falta de conhecimento da história da presença das religiões no país. As pessoas não buscam conhecer a diversidade religiosa. Assumem a sua religião como verdadeira e exclusiva. É como se a história tivesse começado a partir de sua conversão a este ou aquele grupo religioso determinado. Sabemos que as ondas fundamentalistas na história iniciaram assim. Negando o outro! Este movimento não é exclusivo de evangélicos. Ele está presente em maior ou menor grau em muitas religiões, embora, entre grupos neopentecostais, em função do acesso que estes grupos têm aos meios de comunicação, isto é mais perceptível.
O país vive nas últimas décadas uma experiência inédita de pluralização e aumento da diversidade religiosa. Quais são os empecilhos e as potencialidades para o CONIC trabalhar essas experiências ao valorizar a diversidade religiosa no Brasil?
Os empecilhos, como já falei, surgem quando as Igrejas identificam o movimento ecumênico como um fator positivo para a perda de membros.
A potencialidade é que torna-se cada vez mais imperioso o fortalecimento de posições teológicas que associam a diversidade religiosa como valor positivo. Neste sentido, o CONIC tem um papel profético de constantemente desafiar as suas igrejas-membro a reconhecerem no diferente uma expressão da criatividade de Deus. A ação de Deus não é uniformizada e nem pode ser enquadrada. O Espírito de Deus sopra onde e quando quer. Este Espírito é livre.
Recentemente o Conselho Mundial de Igreja, o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso e a Aliança Evangélica Mundial lançaram o documento Testemunho Cristão num Mundo de Pluralismo Religioso - Recomendações sobre a Prática e o Testemunho. Este texto está disponível no site do CONIC.
O documento, que é a síntese de encontros realizados ao longo de cinco anos, aborda temas práticos que têm relação com o testemunho cristão em um mundo multirreligioso. O desafio do documento é o de estimular igrejas e organismos religiosos de caráter missionário a refletir sobre as suas práticas e de buscar orientações para o testemunho e a missão entre pessoas que praticam diferentes religiões e entre aquelas que se definem como sem religião.
Entre os vários aspectos interessantes deste texto, pode ser destacada a afirmação de que o testemunho cristão em um mundo plural inclui o compromisso de entrar em diálogo com pessoas de diferentes religiões e culturas (cf At 17,22-28). Os cristãos foram encarregados por Cristo de se perseverar fielmente em solidariedade uns com os outros no seu testemunho sobre Jesus (cf Mt 28, 19-20; Mc 16, 14-18; Lc 24, 44-48; Jo 20,21; At 1,8).
O documento afirma ainda que a adoção de métodos inadequados no exercício da missão e o uso de meios coercitivos são formas de traição ao Evangelho e de causar sofrimento a outros. Tais condutas clamam por arrependimento e nos recordam acerca de nossa contínua necessidade da graça de Deus (cf Rm 3,23).
A partir da recuperação de alguns princípios caros à fé cristã, o documento recomenda, entre outras questões: que sejam construídas "relações de respeito e confiança com pessoas de todas as religiões, particularmente em nível institucional entre Igrejas e outras comunidades religiosas, envolvendo-se em contínuo diálogo inter-religioso como parte de seu compromisso cristão... o diálogo inter-religioso pode proporcionar novas oportunidades para a resolução de conflitos, a restauração da justiça, a cura de memórias, a reconciliação e a construção da paz."
Outra recomendação é que organizações religiosas atuem junto aos governos para garantir que as diretrizes de liberdade religiosa sejam adequadas e amplamente respeitadas.
Reforçar estas premissas e atuar em favor do respeito pelas diferentes expressões religiosas é o papel de um Conselho de Igrejas como o CONIC.
A Comissão Teológica do CONIC no documento sobre ‘*O Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso no Brasil: Desafios, Anseios e Perspectivas'* (p.38), tem visto que a realidade sócio-religiosa do Brasil tem mudado muito. Hoje ela é eminentemente plural. Há correntes do pentecostalismo, das tradições religiosas dos povos indígenas e africanos; as religiões orientais mais antigas como o judaísmo o islamismo e o budismo, entre outras. Quais são os elementos que possibilitam o diálogo inter-religioso, a convivência e a cooperação entre igrejas e religiões?
O já citado documento do Conselho Mundial de Igrejas, do Pontifício para o Diálogo Inter-religioso e da Aliança Evangélica Mundial nos apontam claramente estes elementos. Vou destacar alguns:
1. A ação no amor de Deus: Deus é a fonte do amor, portanto, somos desafiados a amar o próximo como a nós mesmos (cf. Mt 22,34-40; Jo 14,15).
2. Imitar Jesus Cristo em todos os aspectos da vida (cf. Jo 20, 21-23).
3. Virtudes cristãs, isto significa, que cabe a nós cristãos e cristãs agirmos com integridade, caridade, compaixão e humildade, abrindo mão das arrogâncias, condescendência e atitudes de menosprezo (cf. Gl 5,22).
4. Ações de serviço e justiça: nosso compromisso é agir com justiça e a amar com misericórdia (cf. Mq 6,8), reconhecendo Cristo nos menores de seus irmãos e irmãs (cf. Mt 25,45).
5. Rejeição da violência: isto significa rejeitar todas as formas de violência, mesmo psicológica e social, incluindo aí o abuso de poder no próprio testemunho.
6. Liberdade de religião e crença: todos os seres humanos têm direitos e responsabilidades iguais. Quando qualquer religião é instrumentalizada para fins políticos, ou quando ocorre perseguição por motivos religiosos, os cristãos são chamados a assumir um testemunho profético que denuncie tais ações.
7. Respeito mútuo e solidariedade: cooperar com as demais religiões para a promoção da justiça, da paz e do bem comum.
8. Renúncia ao falso testemunho: isso significa que cristãos e cristãs devem se expressar com sinceridade e respeito. Todo comentário ou enfoque crítico deve ser feito em espírito de respeito mútuo, garantindo que não haja falso testemunho no que diz respeito a outras religiões.
Como o CONIC analisou a renúncia do papa Bento XVI e a eleição do papa Francisco? Já dá para falar alguma coisa a este respeito? Perspectivas de diálogo inter-religioso com o novo papa? O que muda?
A renúncia do Papa Bento XVI foi uma surpresa, assim como já destacado por muitos. Internamente identifica-se neste renúncia um profundo gesto de humildade e sinceridade. Não deve ter sido fácil para Bento XVI tomar esta decisão. Neste gesto ele mostrou que, como seres humanos, somos limitados. Ter consciência desta limitação é muito significativo.
A eleição do Papa Francisco evidentemente gera muita expectativa. O que exatamente significa um Papa latino-americano para a Igreja Católica Romana? Eis uma reflexão interessante. Sabemos da força viva que o Concílio Vaticano II representou em nosso Continente. Destaca-se a abertura da Igreja Católica Romana e sua forte contribuição para o movimento ecumênico a partir deste Concílio. Tivemos a atuação forte e expressiva das comunidades eclesiais de base, o florescimento de muitas perspectivas teológicas: Teologia da Libertação, Teologia Feminista, Teologia das Religiões e assim por diante. Nossa expectativa é que esta experiência rica que a Igreja latino-americana apresentou ao mundo possa ser valorizada. Seria pretensão dizer o que muda em tão pouco tempo de escolha. As avaliações ainda são bastante intuitivas. É necessário esperar. Mas, posso dizer que sim, há expectativa de que a ação ecumênica, o fortalecimento de uma igreja identificada com as lutas por libertação e o diálogo entre as religiões estejam no horizonte do Papa Francisco. Enquanto Conselho de Igrejas estamos à disposição para contribuir animadamente.
Se houver alguma outra questão que gostaria de esclarecer, sinta-se à vontade.
Gostaria de reforçar nosso convite para que os grupos das igrejas realizem a Semana Nacional de Oração. Este é uma forma concreta de testemunho pela unidade. Também reforço o convite para que participem da Consulta Nacional sobre a "Afirmação da Liberdade Religiosa e perspectiva de diálogo inter-religioso". Entrem no site, acessem os documentos disposiniblizados e respondam ao questionário.
No mais, reafirmo que estamos à disposição de todos e todas que acreditam na unidade e agem em favor do diálogo entre as religiões.
Fonte: Mário de Carli / Revista Missões