Eliete Gomes *
Conflito e angústias, em noites escuras.
Noites chamadas traiçoeiras. O silêncio ecoa profundo na alma, no fundo do coração. Tira-nos da calma, descaracteriza nosso olhar, nossa vida, nossa prece. A mercê de palavras mudas, ficamos sem buscar nosso próprio ser.
Assim, no silêncio não refletido, por um engano, encontramos o outro.
E para esse fim, o silêncio serve apenas para nos fazer achar. Nas profundezas de nosso pensar, dentro das incertezas julgamos o que o outro desejou se revelar para nós.
No silêncio da noite, o relógio lento se alia as palavras repetidas. Cenas repensadas, mágoas remexidas, problemas remoídos e a própria existência é apagada.
Como a luz da lua esquecida, o brilho das estrelas encobertas, lá se vai o próprio ser. Somos expectadores de uma noite que no seu silêncio fala o outro.
Mas e nós? O que encontramos de nós quando estamos em silêncio? Buscamos a nós em nosso próprio silêncio? Como encontramos a nós, neste silêncio que vezes ou outra se assemelha de forma mortal?
O silêncio em nossa alma pode ser o caminho de um novo alento, pode ser respostas às perguntas que por tempos foram procuradas.
O silêncio tal qual um ator quando encena, revela aos nossos olhos o espelho que brilha pela vida que há em nossa face. O silêncio é personalidade revisitada, é essência desafogada.
O silêncio é pedra bruta escurecida, que quando lapidada, é vida, matizes e cores de uma louca vontade de ser revida.
O silêncio quando acolhido é mistério de Deus em nós. Respeitando o tempo onde o Senhor Se revela. O silêncio quando entendido é Deus nos re-convidando para com Ele sonhar.
* Eliete Gomes é profissional de Recursos Humanos, estudante de pós-graduação em Filosofia e Filosofia da Educação. Atuante do Grupo de Ajuda a Perdas, da diocese de São José dos Campos.
Fonte: Eliete Gomes / Revista missões