Luiz Eduardo Dias Lima *
Sou seminarista do 2º ano de Teologia do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, da Arquidiocese de Porto Alegre/RS. Tenho 26 anos de idade e sou natural da cidade de Butiá/RS.
Do dia 27 de dezembro ao dia 22 de janeiro, tive a grata oportunidade de participar da1ª experiência missionária em Porto Velho/Rondônia, juntamente com meu colega de turma e irmão de caminhada Tiago Ávila Camargo. Éramos 60 missionários que vieram de onze Estados do Brasil.
Acredito que é muito desafiador traduzir em palavras tudo o que vivi nesta grande experiência de Amor, uma vez que as palavras são insuficientes para expressar com profundidade o que o meu coração pode experimentar e viver ao longo desta experiência missionária.
Gostaria de destacar alguns pontos que considero essenciais, e que expressam o que foi essa experiência para mim.
Ao longo desses 26 dias de missão, aprendi como o dom da acolhida é fundamental e nos aproxima com maior facilidade dos nossos irmãos. A acolhida é como uma porta de entrada. Acolher, portanto, significa abrir a porta e deixar entrar.
Fiquei extremamente emocionado com a grande acolhida que a comunidade de União Bandeirantes preparou para nós. Fomos recebidos com muita alegria e entusiasmo. Pessoas de várias comunidades traziam consigo cartazes, desejando boas vindas aos missionários. A alegria era tanta que alguém estourou rojões para comemorar e festejar nossa chegada. Nessa hora o coração começou a bater mais forte.
O povo de União Bandeirantes nos ensinou o dom da acolhida. Cheguei a comentar com alguns colegas que esse povo é um povo apaixonante.
Não demorou muito e já comecei a me sentir em casa.
Outro momento forte, no qual aprendemos um pouco mais sobre a acolhida foi durante a visita às famílias. Praticamente todas elas abriram as portas de suas casas e de seus corações para a nossa visita.
Em algumas casas a visita era breve, porém em outras, a visita chegava a durar de uma a duas horas. Algumas famílias confiaram em nós mesmo sem nos conhecer e partilhavam sobre sua história e suas vidas. Nesse momento nossos lábios permaneciam mais tempo fechados e nossos ouvidos e corações abertos. Muito mais do que apenas levar a Palavra de Deus, nós tínhamos a missão de ouvir e mostrar como Nosso Senhor se faz presente na vida e na história de cada pessoa. Fomos enviados em missão, a fim de tornar Nosso Senhor mais conhecido e amado. No entanto, muitas vezes acabávamos encontrando Nosso Senhor que estava a nos esperar na vida e na história dessas famílias.
O Curioso é que 90% da população de União Bandeirante é evangélica e, no entanto, as famílias evangélicas nos receberam muito bem. Encontramos pouquíssimas resistências. A partir da acolhida dessas famílias, comecei a me questionar e refletir sobre como nós católicos acolhemos e tratamos nossos irmãos e irmãs de outras religiões. Posso dizer que foi o suficiente para que eu mudasse de uma vez minha mentalidade frente a essa realidade.
Esta experiência missionária foi oportunidade de crescimento e mudança, pois me possibilitou sair do meu "mundinho", abandonar a minha visão precária e reduzida e contemplar um horizonte mais amplo do que é ser Igreja e Povo de Deus.
Jamais imaginei receber tanto carinho de um povo que nem sequer eu conhecia. Mas vejo como foi riquíssimo o encontro com Nosso Senhor nos irmãos e irmãs desconhecidos. Foi como encontrar Nosso Senhor pela primeira vez e nesse encontro, me apaixonar por Aquele que me encontrou e me amou por primeiro.
A experiência missionária foi para mim um reavivamento da vocação, porque pude perceber que, mesmo com meus defeitos e limitações, Deus fez de mim um sinal e instrumento de esperança na vida daquele povo.
A despedida foi regada por lágrimas, mas foram lágrimas de alegria, de gratidão. Quando partimos, senti uma dor semelhante àquela que senti quando saí de casa para ingressar no seminário.
Agradeço muito a Deus por esse grande presente de férias que Ele, por seu Imenso Amor, me concedeu. Agradeço às famílias que nos acolheram em suas casas e fizeram do seu lar o nosso lar, da sua família a nossa família. Agradeço aos irmãos missionários que estiveram ao meu lado nesta experiência me auxiliando e me suportando (sendo suporte) nesta grande aventura de Amor e Esperança. Agradeço a Dom Esmeraldo por seu grande amor pelos missionários e pela missão, e por seu exemplo de Pastor e ser humano. Que o Bom Deus abençoe a todos nós e nos dê coragem para dizer o nosso SIM generoso para a Missão. Amém.
* Luiz Eduardo Dias Lima (o jovem de camisa preta, na foto) é seminarista do 2º ano de Teologia do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, Aquidiocese de Porto Alegre/RS.
Fonte: www.pom.org.br