Geovane Saraiva *
Já se passaram oito anos do assassinato da Irmã Dorothy Stang. Temos consciência de que o testemunho e a mística dessa fiel e corajosa discípula de Jesus de Nazaré, com seu sangue derramado na floresta amazônica, ainda irá produzir frutos, muitos frutos.
Irmã Dorothy afirmou, no momento em que foi imolada: "Eis a minha alma" e mostrou a Bíblia Sagrada. Leu ainda alguns trechos das Sagradas Escrituras para aquele que logo em seguida iria assassiná-la. Morta com sete tiros, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, em Anapu, no Estado do Pará, Brasil.
Diante do contexto da morte brutal da irmã Dorothy, fica a frase de Tertuliano, dita no século terceiro: "Sangue de mártires é sementes de cristãos". "Evangelizar constitui, com efeito, o destino e a vocação própria da Igreja, sua identidade mais profunda. Ela existe para Evangelizar" (Evangelli Nuntiandi, 14), não fugindo do martírio.
O modelo capitalista no Brasil, marcado pela desigualdade social e estrutural entrou com toda força também na Amazônia. Para a floresta amazônica, foi por opção de vida, a inesquecível Irmã Dorothy. Lá ela abraçou a proposta do Evangelho, vivido na simplicidade, mas com grande e profunda coerência. Uma mulher forte e determinada, no seu estilo de vida e com uma mística a causar medo e contrariar os que desejavam outro projeto para floresta, longe e distante do projeto de Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso mesmo tramaram: Vamos matá-la.
Irmã Dorothy está viva e presente da vida do seu povo, com sua vida oferecida em sacrifício, num verdadeiro hino de louvor a Deus, com sua coragem profética, continua mais amada e admirada, tornando-se referência, símbolo e patrimônio do povo brasileiro, que sonha com uma nova realidade, aos olhos da fé. Compreendemos que, para o mundo de hoje é imprescindível recordá-la como uma referência, um modelo de religiosa e uma figura exemplar.
* Geovane Saraiva é padre da arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza e vice-presidente da Previdência Sacerdotal. Pároco de Santo Afonso.
Fonte: Geovane Saraiva / Revista Missões