Maria Regina Canhos Vicentin *
Confesso que estou aborrecida, e muito. Tomei conhecimento de alguns fatos que me deixaram triste e decepcionada com algumas pessoas que, graças a Deus, não conheço; e nem desejo conhecer. Para que vocês tenham ideia do tamanho da maledicência e hipocrisia, vou ilustrar o texto com algumas considerações a respeito de algo que aconteceu numa paróquia da minha cidade natal.
A igreja andava um tanto vazia depois que o último pároco havia sido transferido para outra comunidade. Os fiéis esperavam para ver quem iria assumir a paróquia, até que chegou um moço conhecido, da própria cidade, que estava afastado havia alguns anos trabalhando num outro local. Veio debilitado fisicamente, devido a problemas de saúde, mas cheio de ideias na cabeça referentes às modificações que gostaria de implantar.
Começou ressuscitando antigas tradições da Igreja que em muitos lugares estão praticamente em desuso. Sugeriu novenas, procissões, renovou o sistema do dízimo, adquiriu algumas imagens com o intuito de resgatar a fé popular, principalmente das pessoas mais humildes, acostumadas a esse tipo de devoção. Enfim, impôs seu próprio estilo naquela comunidade, fazendo com que a igreja ficasse abarrotada do dia para a noite.
A adesão dos fiéis foi maciça e momentos maravilhosos puderam ser vivenciados como na procissão das luzes (todos com as velas acesas), no canto da Verônica, nos tríduos e novenas, na festa do padroeiro. Nunca, em tão pouco tempo, uma igreja ficou tão cheia de pessoas ávidas pela Palavra de Deus, sem que para isso fosse necessário apelar para a teologia da prosperidade ou dos milagres como acontece em muitas outras igrejas cristãs.
Com o passar do tempo e a recuperação da saúde do pároco, ele revelou sua veia cômica, e começou a brindar os fiéis com passagens e piadas engraçadas em suas homilias, que mobilizavam a todos, fazendo rir desde a criança até o idoso. A arrecadação do dízimo aumentou muito e as pessoas participavam com interesse dos bazares e quermesses, confeccionando ou doando diversas prendas para serem vendidas ou sorteadas. Era bom demais para não despertar a inveja e o ciúme de algumas pessoas que tiveram a ousadia de entrar em contato com o bispo através de correspondência anônima.
Interessante notar que, nessa mesma paróquia já haviam surgido reclamações de outros dois sacerdotes, que acabaram sendo transferidos para locais diversos. Ando me perguntando... Será que o problema é dos padres ou de alguns fiéis maledicentes e hipócritas que insistem em ditar como a religião deve ser pregada e a fé vivenciada? Jesus Cristo quando veio foi inovador, reduzindo as mais de seiscentas leis judaicas em apenas duas: amar a Deus e amar ao próximo. Foi a inveja dos fariseus e doutores da lei em ação que levou nosso Salvador à morte de cruz. Será que existem mais hipócritas dispostos a crucificar alguém somente por inveja? Que Deus nos livre de tais pessoas!
* Maria Regina Canhos Vicentin (e.mail: contato@mariaregina.com.br) é escritora. Acesse e divulgue o site da autora: www.mariaregina.com.br
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