Thalisson Bomfim *
"Mesmo que os doentes estejam sujos, com um odor desagradável e agitado, temos de pensar que, naquele estado Deus esta nele. Nós cuidamos e amamos Deus. Esta é a maneira como devemos tratá-los." (Irmã Dulce)
No próximo domingo dia 22 de maio, às 14h no parque de exposições em Salvador, Irmã Dulce será beatificada pelo Papa Bento XVI, representado na cerimônia pelo cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo, que preside a celebração canônica com a santa missa seguida do roteiro litúrgico do rito de beatificação do Vaticano. A celebração deve reunir mais de 60 mil pessoas, segundo a Arquidiocese de salvador e a OSID.
Filha do doutor Augusto Lopes Pontes e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes, Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes desde os 13 anos, acompanhada por sua tia começou a manifestar o desejo de se dedicar à vida religiosa. Com o incentivo da família transformou sua casa em um centro para acolher pessoas carentes. Depois de se formar professora, aos 18 anos Maria Rita entrou para a congregação das irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus (cujo lema é amar e servir), na cidade de São Cristovão, em Sergipe. Em 15 de agosto de 1933 recebeu o nome de irmã Dulce, em homenagem a sua mãe e um ano depois, com 20 anos, fez a profissão dos votos temporários no noviciado. Sua primeira missão como freira foi trabalhar como professora em um colégio mantido pela sua congregação, em Salvador.
Em 1936, fundou a União Operaria São Francisco. No ano seguinte fez sua profissão perpétua. Junto com frei Hildebrando Kruthaup, abriu o circulo operário da Bahia, mantido com a arrecadação de três cinemas (Cine Roma, Plataforma e São Caetano) que ambos haviam construído através de doações. Em 1939, irmã Dulce inaugurou o colégio Santo Antônio, voltado para os operários e seus filhos. Nesse mesmo ano, irmã Dulce invadiu algumas casas para abrigar seus doentes que recolhia nas ruas. Foi expulsa do lugar e teve que transformar o galinheiro do convento abrigo para seus doentes. Essa obra, mais tarde iria se transformar em umas das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do Brasil.
No dia 7 de julho de 1980, o anjo bom da Bahia (chamada assim pelos soteropolitanos) ouviu do papa João Paulo II o incentivo para prosseguir com sua obra. Em 1984 fundou a Associação Filhas de Maria Servas dos Pobres, para manter o carisma da sua obra. Três anos depois foi indicada ao prêmio Nobel da Paz. Em 20 de outubro de 1991 o papa João Paulo II na sua segunda visita ao Brasil, fez questão de ir pessoalmente ao convento Santo Antônio, para visitá-la. Estava muito debilitada, e no dia 13 de março 1992, o Anjo Bom voltou para a casa do Pai.
O processo de beatificação teve início no dia 17 de Janeiro de 2000, com a instalação do da comissão histórica responsável pela busca e preparo dos documentos que comprovam a fama de santidade de irmã Dulce. No ano seguinte o Tribunal recebeu o relato de um possível milagre alcançado pela interseção da religiosa, na recuperação de uma mulher sergipana, desenganada pelos médicos após sofrer uma forte hemorragia durante o parto. O caso foi analisado pela equipe medica do hospital Santo Antônio com todo o rigor exigido. O Vaticano, em janeiro de 2003, instalou o Tribunal Eclesiástico para o estudo do possível milagre, que é reconhecido juridicamente em junho do mesmo ano. A Positio - documento que reúne o relato biográfico e o resumo dos testemunhos que afiançam as virtudes da mesma - foi enviada à Congregação para a Causa dos Santos. Em 2009, o Vaticano concedeu o título de venerável a Irmã Dulce, um reconhecimento das virtudes heróicas vividas por ela.
Para ser reconhecida como Bem-aventurada ainda era necessário a comprovação de um milagre. Essa comprovação foi feita em 2010 e, em dezembro passado, o papa Bento XVI autorizou a beatificação do Anjo Bom da Bahia.
*Thalisson Bomfim é membro da Pastoral da Juventude na Paróquia São Brás, em Salvador, BA.
Fonte: Revista Missões