Jaime C. Patias *
Iniciamos o ano com um olhar para a vida no planeta. Muitos são os motivos para essa chamada de atenção ecológica. Notícias sobre os últimos desastres ambientais ocupam espaço nos meios de comunicação, muitas delas dadas de forma sensacionalista. O povo brasileiro mobiliza-se, numa onda de solidariedade, para aliviar as necessidades das vítimas.
A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o ano de 2011 como o Ano Internacional das Florestas. As iniciativas terão como foco, "a promoção do manejo sustentável, a conservação e desenvolvimento das florestas em todo o mundo e a conscientização do papel decisivo que as florestas desempenham no desenvolvimento global sustentável para as gerações atual e futuras. A Campanha da Fraternidade de 2011, organizada pela CNBB durante o tempo da Quaresma, tem como tema "Fraternidade e a vida no planeta", e como lema "A criação geme em dores de parto (RM 8, 22)". Mais uma oportunidade para tomarmos consciência da importância de cuidar da vida com dom preciso de Deus.
Em sintonia com a Campanha da Fraternidade, o Conselho Missionário Nacional escolheu trabalhar o tema "Missão e Ecologia" durante a Campanha Missionária, para o mês de outubro de 2011. A ideia é dar uma dimensão universal ao tema concebendo o mundo como um todo conectado e interdependente. Contudo, o maior motivo para destacar a ecologia logo no início do ano é que a vida no planeta está ameaçada e pede a nossa atenção para ver, compreender e agir antes que seja tarde demais. A humanidade já se deu conta de que a exploração voraz dos recursos naturais deve ser substituída pelo uso responsável e sustentável, guiado por relações justas e fraternas tendo a economia solidária como alternativa às leis do mercado total.
Diante dos últimos desastres ocorridos na Região Serrana do Rio de Janeiro, em Minas Gerais, em São Paulo e em tantas outras localidades, percebemos quão frágil é nossa "casa comum". O convite é começar a olhar para a natureza e perceber como as mãos humanas estão contribuindo para o fenômeno do aquecimento global e as mudanças climáticas, com sérias ameaças para a vida em geral, sobretudo a dos mais pobres e vulneráveis. Uma nova civilização ou uma nova cultura humana exige relações diferentes com o planeta e com a natureza. Cultivar e cuidar da vida na sua biodiversidade é o grande desafio para garantir a sobrevivência dos povos e culturas no mundo plural.
Muitas são as análises e reflexões que oferecem elementos convincentes para começarmos a levar mais a sério nossa missão de cuidar dos bens da criação, conscientes de que somos interdependentes. Quando o meio ambiente em sua biodiversidade, um grupo humano, etnia ou cultura em qualquer lugar do planeta encontra-se ameaçada, todos nós corremos riscos. Acreditamos que, apesar dos sofrimentos que a criação enfrenta, das perdas humanas, culturais e materiais em todos os seus "gritos de dor", a vida é capaz de romper barreiras. Existe esperança para a vida ameaçada no planeta. Por isso vale o apelo: "salvemo-nos com o planeta!".
* Jaime Carlos Patias, imc, diretor da revista Missões.
Fonte: Revista Missões