Cilto Jose Rosembach *
Educação/comunicação é o tema da oficina de Educação e rádio comunitária no Fórum Mundial da Educação. Pois bem, se compreendermos que educação é tudo, mas nem tudo é educação, abre-se uma reflexão pertinente sobre o assunto.
Vamos começar com esta pergunta. Quando é que uma emissora de rádio é educativa? Quando orienta o povo para o exercício da cidadania como, por exemplo: manter o bairro limpo, economizar água, realizar campanhas preventivas na área da saúde, participar de organizações que lutam para a melhoria da qualidade de vida da população. É educativa quando apóia as lutas humanitárias, partilha de experiências adquiridas pelos projetos da região, do país e do mundo.
Como a educação ou ensino praticado na escola poderá utilizar o veículo rádio, para envolver os estudantes e dinamizar os conteúdos?
Cabe destacar o projeto vida, escola aberta que desenvolve o educom.radio uma parceria da Secretaria Municipal de educação e NCE-ECA-USP-SP coordenado pelo professor Ismar de Oliveira Soares.
Esta prática de edu-comunicação nas escolas proporciona aos estudantes aprenderem de fato a pensar, produzir, apresentar, e avaliar conteúdos com rapidez, e garantem aprendizagem. Há neste processo do educom.radio um envolvimento e participação de todos os estudantes, que sem dúvida pode-se afirmar que se trata de uma obra ou trabalho coletivo.
Esta experiência de comunicação pode atingir toda a comunidade por meio das rádios comunitárias da região. Porém aqui entra mais uma vez uma proposta e um desafio pertinente do projeto de comunicação pelo rádio comunitário. Os estudantes de ensino fundamental e suplência envolvida no projeto produzem os programas nas escolas orientados pelos professores que podem ser veiculados nas emissoras locais. Neste sentido a rádio comunitária passa a contribuir com a educação dos pais dos estudantes envolvendo a sociedade num grande mutirão de saberes.
Trata-se de uma rede de comunicação que tem seu núcleo na educação. Esta rede pode estabelecer um horário para que os programas possam ser veiculados em toda a cidade ao mesmo tempo. Além disso, os estudantes devidamente treinados podem assumir programas na rádio comunitária local.
Os professores podem utilizar na programação da emissora um espaço para comentar conteúdos abordados em sala de aula, comentar exercícios, avaliações, apresentar projetos e lançar desafios, motivar os estudantes e a comunidade para as atividades da escola assumido-a como sua segunda casa.
A direção da escola pode garantir na grade de programação da rádio local, um espaço para veicular projeto, divulgar eventos culturais, cursos, seminários, atividades acadêmicas, etc.
Qual a relação que a rádio comunitária pode estabelecer cós às universidades? A experiência com estudantes de comunicação, jornalismo que confrontam as tórias apreendidas na faculdade e por falta de prática se refugiam nas rádios comunitárias, onde ensinam e aprendem muito. Felizmente hoje há professores universitários que reconhecem e encintavam esta prática dos alunos.
Outra experiência em nossa trajetória de rádio comunitária desde 1995 na periferia de S. Paulo, zona noroeste, da capital foi quando uma pessoa da nossa equipe foi até um CJ (Centro de Juventude) em frente à rádio comunitária e propôs que os adolescentes com orientação das educadoras, realizassem um programa semanal infantil na emissora. Esta proposta não foi aceita pela coordenadora do projeto porque não constava no currículo do CJ. Mas outro CJ de um bairro visinho topou o desafio de realizar um programa de radio envolvendo as crianças, adolescentes e as educadoras. A coordenação e as educadoras entenderam que era perfeitamente possível incluir no currículo esta atividade de produzir e apresentar o programa de rádio semanal com temas da realidade.
Outra experiência ainda, que marcou a história da rádio, foi o programa das crianças de três, quatro e cinco anos de uma creche próxima à emissora. Estes pequenos comunicadores conquistaram o primeiro lugar em audiência da emissora com pequenos textos que eram decorados, frases, musiquetas, alô a mamãe, a tia, a madrinha, músicas, entrevistas, coral etc.
A educação e saúde devem ser um dos eixos prioritários de uma emissora comunitária. Hoje muitas doenças e mortes podem ser evitadas se a população tivesse acesso à educação preventiva eficiente. A rádio é um canal importante neste trabalho de orientar e conscientizar a população menos esclarecida.
Percebe-se por este fato a concepção de educação de pessoas diferentes e de equipamentos com a mesma finalidade.
Ainda a título de sugestão há muitas formas da comunicação pela rádio comunitária contribuir com o carimbo cultural de uma determinada região como, por exemplo: Contar a história do bairro ouvindo os moradores mais antigos, resgatar histórias, lendas, contos, literatura de cordel, repentes, poesias, culinária, músicas etc.
* Cilto José Rosembach é mestre em Comunicação e educador popular. Membro da Associação Cantareira, Região Brasilândia, São Paulo. Ouça rádio WEB CANTAREIRA FM 87,5. Acesse: www.radiocantareira.org
Fonte: Associação Cantareira
