Arlindo Pereira Dias
Os 15 bispos do Regional Norte 2, da CNBB (Conferencia Nacional dos bispos do Brasil) concluíram no ultimo dia 16 de abril, a visita "Ad Limina". O Papa Bento XVI, em seu discurso inaugural, mencionou a "alegria de saber que as dioceses disseminadas na imensidão da região Amazônica estão em Cristo". Alem das entrevistas com o papa em pequenos, os bispos tiveram uma entrevista coletiva com o Papa Bento XVI, na manhã de 16 de abril. A visita, que teve início no dia 12 de abril, deveria estender-se até o dia 26 de abril, mas devido à viagem do papa ao país de Malta e compromissos de alguns cardeais no Vaticano a visita foi finalizada na ultima Sexta Feira.
A presença dos bispos em Roma mostrou com muita evidencia o caráter profético e vivo dos pastores e da Igreja no Amazonas. Durante entrevista coletiva concedida a rádio Vaticana no dia 15 de abril os bispos do Xingu, D. Erwin Krautler; o bispo de Marajó, D. José Luiz Azcona e o bispo de Castanhal, D. Carlo Verzeletti, D. Esmeraldo de Farias, bispo de Santarém e os demais bispos falaram dos desafios da Amazônia nos campos ecológico e social e suas conseqüências para o meio ambiente.
O bispo do Xingu, Dom Erwin Kräutler, região onde será construída a usina de Belo Monte (um dos grandes e polêmicos projetos governamentais), e também um dos lideres na resistência à construção da hidrelétrica, explicou os efeitos devastadores que a obra causaria aos povos da região. "No centro de projetos como este os sujeitos da historia são os projetos e não o ser humano. O ser humano tem que ceder se em qualquer canto aparece um projeto. Tem que ceder, é deslocado, é tirado do meio ambiente onde ele vive e sobrevive já há séculos. Isso è progresso, que progresso é este?", pergunta o bispo. Dom Erwin està ameaçado de morte por lutar pelos direitos dos povos indígenas.
D. José Luis Azcona, há algum tempo, juntamente com outros bispos, pessoas e grupos, vem denunciando os casos de pedofilia na região, o que provocou a abertura da CPI sobre a exploração de menores no Pará. "Foi a Igreja que contribuiu para que esta CPI acontecesse", diz ele. O trabalho escravo e o trafico de mulheres também foram mencionados como grave problema na região. D. José Maria e outras 211 pessoas também estão ameaçados de morte. "Uns contam com proteção policial, mas a maior parte não. O pior è que não existe investigação nenhuma sobre os autores das ameaças", acrescenta o bispo.
Os bispos não deixaram de mencionar que se sentem isolados e esquecidos, e que esperam da comunidade internacional e da mídia uma maior divulgação dos riscos ambientais que a Amazônia sofre. Segundo os religiosos, esta não é uma causa brasileira, "mas mundial".
Na celebração Eucarística de conclusão da visita, à saída da Igreja Santa Maria Maggiore, ao avaliar a visita, o bispo de Santarém (PA), D. Esmeraldo de Farias, destacou "acolhida fraterna" do Papa Bento XVI e salientou que o papa os pediu que colocassem com toda a liberdade "a situação e as dificuldades das dioceses, os desafios e as alegrias" que sentem como os bispos, "demonstrando total interesse pela situação pastoral, social e eclesial dos estados do Para e Amapá". Esmeraldo destacou também a escuta das diversas congregações e deu destaque especial ao Conselho Pontifício de Justiça e Paz que manifestou preocupação "com a questão das hidrelétricas e projetos que já estão em fase de conclusão por parte do governo federal". Para finalizar, o bispo de Santarém salientou "a viva fraternidade entre os bispos" e o compromisso de continuar unidos no pastoreio e defesa da vida nas dioceses e prelazias da região Norte 2.
Fonte: Revista Missões - Arlindo Pereira Dias, Roma