A luta dos cortadores de cana para erradicar o trabalho escravo

Jaime C. Patias *

O Mutirão de Comunicação - Muticom, que acontece em Porto Alegre, RS, desde o dia 3, foi organizado para promover o diálogo visando uma cultura solidária. O evento atraiu comunicadores e pesquisadores atuando nas mais variadas situações da América Latina e Caribe.

Na tarde de ontem, dia 05, Luiz Henrique da Silva, jornalista e assessor dos Trabalhadores Rurais do Estado de Goiás, presente ao Mutirão, caminhava pelos corredores do prédio 40 da PUCRS, onde acontecem as atividades do Muticom, empunhando um cartaz que chamava a atenção para a situação dos cortadores de cana no Brasil. "Em Goiás temos 50 mil cortadores de cana e o movimento sindical trabalha em favor de sua dignidade, por melhores salários", explicou o jornalista. "A grande bandeira nacional dos canavieiros é conquistar o direito à alimentação gratuita para acabar de vez com a boa fria, alimentação feita de madrugada, levada para o campo e consumida às 11 hs da manhã, muitas vezes estragadas ou em condições precárias por que é perecível. As usinas do Brasil devem dar condições aos trabalhadores para trabalharem com dignidade para que o Brasil venda o etanol, venda um produto limpo, mas com o trabalhar tendo dignidade"disse.

Luiz Henrique participa do Muticom para partilhar sua experiência de comunicação desenvolvida entre os trabalhadores rurais em Goiás. O trabalho no corte de cana é uma atividade análoga ao histórico trabalho escravo que ainda persiste no Brasil. Sobre essa questão Luiz Henrique explicou que houve muitos avanços. "Os trabalhadores não tinham a carteira assinada, mas com a luta dos sindicatos eles já conseguiram esse direito. A escravidão está ligada à questão do gato que é o intermediário da mão de obra fazendo migrar trabalhadores do nordeste ao centro-oeste e sudoeste do estado de Goiás. Esse gato é quem dá o passo inicial para o trabalho análogo à escravidão. Esse tipo de trabalho deve definitivamente acabar. Não se pode admitir no século 21, homens e mulheres trabalhando em péssimas condições. O trabalho escravo é combatido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores, pelos sindicatos nos Estados, pela Comissão Pastoral da Terra e vários outros organismos, informou. "Agente não pode ficar na ilusão de vender um combustível limpo para a Europa e outros países tendo no Brasil trabalhadores enfrentado péssimas condições de trabalho", denunciou Luiz Henrique.

* Jaime Carlos Patias, revista Missões no Muticom, em Porto Alegre.

Fonte: Revista Missões

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