Arlindo Pereira Dias, SVD
A realidade dos imigrantes e das pessoas em situação de rua tem sensibilizado os representantes dos conselhos gerais e demais religiosas e religiosos brasileiros em Roma. Neste tempo duro de inverno as centenas de pessoas que perambulam pelas ruas de Roma são uma constante provocação à solidariedade e respostas concretas. Com este propósito a coordenação do RBR (Religiosos Brasileiros em Roma) realizou na ultima quinta-feira, 15 de Janeiro, um encontro com o tema "As realidades de pobreza na Itália e em Roma: desafio à nossa consagração religiosa!". Estiveram presentes no Colégio Pio Brasileiro 30 religiosas e religiosos.
Num primeiro momento a assistente social Luana Melia da Caritas Diocesana de Roma fez uma apresentação dos diversos projetos de solidariedade para com os imigrantes na cidade de Roma (programas de alimentação, dormida, aprendizado da língua, busca de trabalho) e a operação "Emergência Frio" que acontece a cada ano nos meses de dezembro a março. Em seguida, a religiosa Orionita Irmã Maria Della Neve deu um testemunho sobre seu envolvimento com os moradores de rua a partir do albergue da Caritas que fica nas imediações da estação "Termine" de trens. Ela é mineira de Ubá e chegou à Itália há 44 anos como leiga consagrada para um serviço de voluntariado. Após sua consagração como religiosa Orionita envolveu-se com o projeto da Caritas onde presta voluntariado. A irmã desafiou os religiosos presentes a uma inserção nestes projetos, mesmo que seja por algumas horas por semana.
O padre Scalabriano Sergio Durigon, que no ano passado assumiu como responsável pela comunidade brasileira em Roma partilhou sua experiência entre os imigrantes na África do Sul, na Itália e finalmente entre os brasileiros em Roma. Desejosos de conhecer melhor esta realidade o grupo pediu que ele retornasse no futuro. A comunidade Nossa Senhora Aparecida presta assistência semanal aos imigrantes brasileiros com serviços de acolhida, assistência, missas e conta com o apoio de vários religiosos e religiosas.
O encontro coincidiu com a dramática situação vivida pelo povo do Haiti, por isso, a oração inicial foi dedicada as vitimas daquela tragédia. O grupo também recordou com carinho os mortos brasileiros, em especial a doutora Zilda Arns. Uma carta de solidariedade foi enviada a Dom Paulo e a toda a família Arns. Referindo-se às palavras de Dom Paulo ao afirmar que "Não é hora de perder a esperança!" a carta assim se expressa: "Temos a certeza de que, aos olhos da fé, a sua morte inesperada, estará nos inquietando e gerará em muitas pessoas e organizações novas iniciativas que respondam à dura realidade do Haiti, do Brasil e de tantos outros países, no que se refere ao modo como tratam suas crianças e idosos. Inútil dizer algo mais sobre Dona Zilda, pois ela se insere na mesma base religiosa na qual se funda a família Arns a partir da defesa intransigente dos valores da fé, da solidariedade, da justiça e da esperança".
Fonte: Revista Missões